Quinta, 12 Setembro 2024 10:00

Banco espanhol Santander ameaça retirar direitos dos funcionários do Brasil

Integrantes da COE protestam contra discriminação do Santander aos bancários brasileiros. Foto cedida pela Contraf-CUT. Integrantes da COE protestam contra discriminação do Santander aos bancários brasileiros. Foto cedida pela Contraf-CUT.

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Imprensa SeebRio

O Santander mantém o comportamento de colonizador tanto nas negociações com os bancários, quanto no tratamento aos clientes brasileiros. Estes sofrem com a queda na qualidade do atendimento, devido ao cada vez mais reduzido número de funcionários, em função das demissões, mesmo com lucros absurdos, enquanto nas negociações da campanha salarial o banco espanhol, ao contrário do que faz na Espanha, quer reduzir os direitos previsto no atual acordo coletivo de trabalho.

“Somos hoje o segundo maior lucro do Santander. Já fomos por vários anos o primeiro com até 30% do lucro mundial. Vários pontos da minuta brasileira foram trazidos do acordo com os funcionários da Espanha, e rejeitados pelo banco nas negociações com a Comissão de Organização dos Empregados (COE)”, denuciou Marcos Vicente, diretor do Sindicato dos Bancários e Financiários do Rio de Janeiro e integrante da COE. “Queremos avanços. Não aceitaremos retirada de direitos. Santander respeite o Brasil e os brasileiros”, afirmou o dirigente.

Discriminando os brasileiros – O Santander manteve sua política de diferenciação entre os bancários do Brasil e os da Espanha durante a continuidade das negociações do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) específico para seus empregados. Enquanto os trabalhadores espanhóis gozam de benefícios como isenção de tarifas, taxas de juros diferenciadas para linhas de crédito, os funcionários brasileiros não têm este direito. A reunião de negociação entre a COE e o Santander aconteceu na tarde desta quarta-feira (11), na sede da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), em São Paulo, e terminou sem avanços.

No sexto encontro entre as partes, a COE cobrou uma resposta global, já que, até o momento, nenhuma resolução concreta foi apresentada. Contudo, a resposta do Santander ficou muito aquém das expectativas e frustrou os trabalhadores.

Arrocho na PPRS – Entre as decisões que geraram maior indignação está a proposta do banco de compensar o Programa de Participação nos Resultados do Santander (PPRS) com a Participação nos Lucros e Resultados (PLR). "Esta medida representaria a retirada de direito. Não podemos aceitar retrocessos. Nós queremos avanços", afirmou a coordenadora da COE, Wanessa Queiroz.

O banco concedeu a isenção da coparticipação do plano de saúde para os funcionários PCD, com doenças crônicas, degenerativas e AIDS. Porém, se recusou a estender o benefício para filhos dos trabalhadores com os mesmos problemas, com destaque para os neurodivergentes.

Os representantes dos trabalhadores também pressionaram por uma solução para os problemas enfrentados com os planos de saúde em diversos estados do Brasil e pelo fim das terceirizações, além de defenderem que os sindicatos representem todos os trabalhadores do grupo.

A secretária de Relações Internacionais da Contraf-CUT, Rita Berlofa, lamentou a postura do Santander nas negociações, que tem gerado insatisfação entre os empregados. “Esperamos que o banco se mostre sensível aos problemas dos seus trabalhadores e atenda às nossas reivindicações. Queremos isonomia de direitos com os trabalhadores do Santander da Espanha, afinal estamos submetidos às mesmas obrigações”, disse.

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