Sexta, 08 Junho 2018 23:32

A CATEGORIA E A SOCIEDADE - Solenidade abre a 20ª Conferência Nacional dos Bancários

Sindicalistas defendem unidade para preservar direitos e o emprego e resgatar a democracia, retomando o desenvolvimento social e econômico do país

 

Bancários de todo o país participaram na noite de sexta-feira, dia 8 de junho, da abertura solene da 20ª Conferência Nacional dos Bancários, realizada na Quadra do Sindicato da categoria, em São Paulo. Sob o lema “Juntos, somos mais”, quase 700 delegados debatem, até domingo (10), os desafios impostos por uma das conjunturas mais difíceis da história para os trabalhadores brasileiros. Proteger direitos históricos, garantidos pela Convenção Coletiva de Trabalho dos Bancários, a única em nível nacional, e pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), a maior rede de proteção social da América Latina, criada por Getúlio Vargas, em 1943, tornou-se uma prioridade. Isto porque todas estas conquistas estão ameaçadas pela nova legislação imposta pelo governo Michel Temer (MDB), após a aprovação, no Congresso Nacional, da Reforma Trabalhista. Para  os bancários, a partir do dia 31 de agosto, com o fim do acordo de dois anos, pelo menos 40 das 72 cláusulas da Convenção Coletiva de Trabalho poderão ser extintas ou afetadas. As mudanças não apenas retiram direitos, mas também põem em risco a existência de toda a estrutura de organização sindical. As novas regras acabaram com o Imposto Sindical sem oferecer nenhuma alternativa de financiamento das entidades representativas e de organização de luta dos trabalhadores.  

Organização em macrosetores

Os sindicalistas cutistas defendem há décadas a extinção do Imposto Sindical, que atrelava o movimento sindical ao Estado, mas desde que seja criada uma contrapartida, através de uma contribuição voluntária decidida pelas categorias, em assembléias, garantindo a autonomia e o espírito democrático dos sindicatos, o que não ocorre com a Reforma Trabalhista, que não garantiu nenhuma alternativa de arrecadação para manter a estrutura sindical. Isto não é fruto do acaso. O atual governo, atendendo aos interesses dos patrões, tenta desmontar a organização de luta coletiva da classe trabalhadora. Individualizando a negociação direta do empregado com o empregador, a parte mais fraca, o trabalhador, fica vulnerável diante do poder de pr essão do capital.

O que o empresariado e os banqueiros querem é deixar o trabalhador sem opção, ou seja, submeter os funcionários a condições precárias de trabalho e a uma baixa remuneração sob a “promessa” de garantir, ainda que temporariamente, o emprego, uma forma de barganha inteiramente desleal.

“Temos que reinventar as nossas estratégias de mobilização e luta diante da nova realidade, através da organização por macrosetores, como indústria, transportes, serviços públicos e, no caso de nossa categoria, como parte do setor de serviços, compartilhando estruturas, como sedes, departamentos jurídicos e imprensa”, explica o vice-presidente da Contraf-CUT, Vinícius de Assumpção. A proposta faz parte de uma antiga reivindicação da Central Única dos Trabalhadores.

Além da campanha salarial

Os sindicalistas, das mais diversas correntes políticas e ideológicas, defenderam a revogação da Reforma Trabalhista e de todas as mudanças promovidas pelo governo Temer, o fortalecimento dos bancos e empresas públicas, derrotando o projeto privatista e o restabelecimento da democracia, que inclui a liberdade e o direito do ex-presidente Lula, líder em todas as pesquisas de opinião na corrida para o Palácio do Planalto, se candidatar nas eleições de 2018.

Para os bancários que participam da Conferência Nacional, a campanha salarial deste ano não se limita às atividades de mobilização dos bancários e às negociações com os bancos por melhores salários e condições de saúde e de trabalho para a categoria, mas também à necessidade de envolvimento de toda a sociedade no atual momento político do país e na eleição de candidatos comprometidos com os trabalhadores.

Momento político

A presidenta do Sindicato do Rio, Adriana Nalesso, destacou a importância do momento político vivido pelo povo brasileiro.

“Estamos num momento atípico, totalmente diferente das campanhas nacionais vividas nos últimos anos. Segundo o Dieese, das 72 cláusulas de nossa Convenção Coletiva de Trabalho, pelo menos 40 poderão ser extintas ou alteradas, em função desta Reforma Trabalhista aprovada por um Congresso Nacional que, em sua ampla maioria, não nos representa. Defendemos a unidade, com respeito às diferenças. Podemos ter posições diferentes, mas o que nos une é muito maior”, disse. Nalesso criticou ainda o atual modelo econômico imposto por um governo Temer, ilegítimo e golpista.

“Não é este modelo econômico que defendemos. Queremos um modelo que promova desenvolvimento econômico e justiça social, com geração de empregos e renda, e o fortalecimento das estatais”, acrescentou.

Resgate da democracia

Ao final de sua fala, Adriana defendeu a retomada da democracia. “O povo brasileiro, mesmo àqueles que foram enganados e se vestiram de verde e amarelo para derrubar a presidenta Dilma já entenderam que houve um golpe contra os trabalhadores. Com todo o respeito a todos os brasileiros que apoiam outro candidato para a presidência do Brasil, mas a maioria do povo tem demonstrado que defende a volta das políticas sociais do governo Lula, que mesmo como preso político, lidera todas as pesquisas de intenção de voto”, ressaltou, acompanhada pelo coro dos participantes da Conferência, que entoavam o slogan “Lula Livre, Lula Presidente”.

Em Belo Horizonte, também nesta sexta-feira (8), foi lançada oficialmente pelo PT, a pré-candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva para a presidência da República, com direito ao jingle de campanha: “O Brasil feliz de novo”.

A presidenta da Contraf-CUT Juvandia Moreira, disse que é possível reverter o atual quadro político, desde que haja a mobilização de toda a sociedade.

“Esta Conferência tem o importante papel de mobilizar a categoria não apenas para a nossa campanha salarial, mas para revertemos e derrotarmos o golpe, que completa dois anos, gerando mais desemprego, tirando o direito do povo decidir e governando para os ricos. Temer promoveu o desmonte do patrimônio público e a entrega de nossas riquezas. A categoria perdeu quase 40 mil postos de trabalho neste período. Temos que defender não somente a manutenção dos direitos da categoria, mas de todo o povo brasileiro, destacou, abrindo oficialmente a 20ª Conferência Nacional da categoria.

 

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