Segunda, 30 Abril 2018 00:00

1º DE MAIO - Temer amplia desmonte da Caixa, através do “Programa Eficiência”

Em reunião com o banco, Comissão dos Empregados protesta e cobra melhorias no Saúde Caixa

Na primeira reunião da mesa de negociação permanente, no último dia 24, um dos principais temas tratados pela Comissão Executiva dos Empregados (CEE) com os representantes da Caixa Econômica Federal (CEF) foi o modelo de desmonte do banco, que a diretoria chama de Programa Eficiência. Este processo pode afetar áreas estratégicas da Caixa, sobretudo os programas sociais, de habitação e FGTS.

Os representantes da empresa negaram que se trate de uma nova reestruturação, mas de um processo de realinhamento com prioridade na eficiência e “melhoria de processos e pessoas”. Negaram, também, que vá haver cortes de funções ou prejuízos aos empregados. Para o integrante da Comissão Executiva dos Empregados (CEE/Caixa), Ricardo Maggi, diretor da Fetraf-RJ/ES, que participou do encontro, a empresa tenta uma forma de driblar o acordo coletivo específico.

 

“Lembramos que, segundo o acordo aditivo, reestruturações têm que ser levadas à mesa de negociação. Mas a Caixa está dando outro nome ao boi para burlar esta cláusula. Nossa preocupação é que, mais uma vez, o governo e a direção do banco se utilizem de medidas de reestruturação para atacar os direitos do funcionalismo e reduzir o número de empregados”, alertou. Segundo informações oficiais, o último Programa de Desligamento Extraordinário resultou no corte de 1.300 postos de trabalho, deixando 86.334 empregados. As consequências são a precarização do atendimento, a sobrecarga de trabalho e adoecimento que ela provoca.

Mais ataques ao banco social

A redefinição de funções gerenciais, que a Caixa chama de ‘verticalização’, mudou o modelo de segmentação dos clientes. Todos os gerentes passaram a ser designados como gerentes de atendimento negocial (GAN), inclusive os que atendiam à pessoa física e área social. O foco de todo este corpo gerencial passou a ser a captação de clientes de alta renda e venda de produtos, seguindo um modelo típico de banco privado e abandonando o atendimento à população. Outro fator negativo é que c com a mudança, houver perda de lotação de gerentes pessoa jurídica em 194 agências, aumentando a carga de trabalho dos gerentes que permaneceram.

Saúde Caixa

Os problemas do Saúde Caixa ocuparam boa parte da reunião. A qualidade do atendimento caiu de tal maneira que o plano ficou em 1º lugar em reclamações junto à ANS, com 8,69 ocorrências por dez mil usuários, muito acima da média do segmento, que é de 2,78/10.000. O contrato com a empresa de telemarketing previa o atendimento de até 68 mil usuários, mas o número de vidas atendidas chega a quase 300 mil. Este erro de dimensionamento vem provocando congestionamento das linhas e demora no atendimento.

O movimento sindical reivindica que a alçada de atuação dos comitês de credenciamento e descredenciamento seja ampliada, para que possam atuar também na fiscalização da atuação do atendimento ao usuário. Com esta medida, os representantes dos funcionários nos comitês terão acesso a informações que poderão indicar onde estão os gargalos que dificultam o serviço e propor soluções. O papel dos dirigentes regionais é levantar as demandas. “É necessário que os dirigentes sindicais conversem com os empregados da Caixa em suas bases para averiguar quais são as demandas dos usuários do Saúde Caixa. Este levantamento poderá servir para pressionar a Caixa por melhorias do atendimento”, orienta Maggi.

Maiores problemas

Os maiores problemas no plano ficam nas autorizações prévias. A demora na liberação dos procedimentos aumenta os riscos para os pacientes. As dificuldades são maiores sobretudo nas bases onde é grande o número de usuários idosos, que não têm familiaridade com o site e dão preferência ao tele atendimento. A situação chegou ao ponto de associações de funcionários e aposentados se virem forçadas a criar um serviço de suporte para auxiliar estes usuários. A situação foi agravada também pela reestruturação, que retirou das Gerência de Pessoas (Gipes) a atribuição de atender a estas demandas. A representação da Caixa informou que já redimensionou o serviço de tele atendimento para 200 mil atendimentos/dia.

Fórum de Condições de Trabalho

A CEE reivindicou a retomada das reuniões dos fóruns nacional e regionais para debater os problemas encontrados nas unidades. Com a redução do número de GIPES, a coordenação destes fóruns ficou prejudicada, deixando pendentes muitos problemas que foram identificados pelos sindicalistas. Tanto questões estruturais – falta de ar-condicionado e segurança, entre outras -- quanto conflitos nos locais de trabalho podem ser discutidos regionalmente, para agilizar a solução. É preciso que os gestores se conscientizem da importância destes fóruns. “Segundo Maggi, estes fóruns têm que passar a ter reuniões mais frequentes, mas também mais qualificadas. “Da parte da Caixa, é preciso que os interlocutores tenham alçada para, realmente, dar solução aos problemas apresentados, e não somente remetê-los à administração central”, disse.

Contencioso Funcef

Apesar de já haver acordado – em 2015 – a constituição de um GT para tratar do contencioso da Funcef, a Caixa reluta em incluir os representantes dos empregados na discussão. A solução é simples: a Caixa assumir o passivo trabalhista que está pressionando o caixa da Funcef e, portanto, é preciso que os participantes tenham acesso aos números. O problema é que a empresa insiste em negar sua responsabilidade sobre o passivo e o déficit continua crescendo. “A Caixa tem que parar de protelar o pagamento do contencioso, que põe em risco a saúde financeira da Funcef e o pagamento dos benefícios”, defende Maggi.

Time de vendas

O movimento sindical está preocupado com a divulgação do desempenho dos empregados da área comercial – o chamado Time de Vendas. Segundo a representação da Caixa, somente o próprio funcionário e seu gestor direto têm acesso aos números. Mas os sindicalistas reforçaram que a CCT dos bancários proíbe a exposição de ranking de desempenho e reivindicou que os gestores sejam alertados a não divulgar os resultados de suas equipes.

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