Sábado, 09 Junho 2018 22:01

A SAÍDA PARA A CRISE - Um Brasil melhor só é possível com democracia, inclusão e justiça social

 Guilherme Boulos reconheceu os avanços dos governos Lula e Dilma, defendeu o direito do ex-presidente ter a liberdade para se candidatar, criticando a prisão política do petista, mas ressaltou que não há mais espaço para o país crescer sem tirar dos mais ricos Guilherme Boulos reconheceu os avanços dos governos Lula e Dilma, defendeu o direito do ex-presidente ter a liberdade para se candidatar, criticando a prisão política do petista, mas ressaltou que não há mais espaço para o país crescer sem tirar dos mais ricos

Guilherme Boulos defende unidade em defesa da democracia e de um novo projeto de desenvolvimento. Vagner Freitas lê carta de Lula dirigida aos brasileiros

No último painel de debates da Conferência Nacional, deste sábado, dia 9 de junho,  cujo título foi “O Brasil que queremos”, o presidente da CTB, a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, Carlos Pereira de Araújo, lembrou que, em 2010, o Brasil chegou a um crescimento econômico aos níveis da China, atingindo 7,5%, segundo dados oficiais do IBGE e que chegou em 2014 a uma taxa de desemprego de 4,3%, índices próximos a de uma sociedade com pleno emprego. O sindicalista destacou também “o espaço de destaque que o país conquistou no cenário internacional, durante os governos Lula e Dilma, especialmente com a consolidação dos Brics, bloco econômico que reuniu China, Rússia, Índia, Brasil e África do Sul ” para se contrapor ao domínio global das nações do chamado primeiro mundo. Carlos disse que o golpe que levou Temer ao poder fracassou.

“As forças progressistas se revigoraram. Como se não bastasse o congelamento dos investimentos sociais por 20 anos, o governo Temer atacou as leis trabalhistas com o intuito de retirar direitos dos trabalhadores e desmantelar o movimento sindical”. Destacou ainda a importância da greve dos caminhoneiros, que “trouxe à tona para a sociedade o desmonte da Petrobras imposto pelo governo para favorecer interesses de multinacionais do setor e de especuladores”.

“O prejuízo de cerca de R$110 bilhões sofridos pelo país durante a paralisação dos caminhoneiros foi causado pela política doe Pedro Parente, o mesmo causador da crise do apagão elétrico do governo Fernando Henrique Cardoso, em 2001”, lembra.

Revogação das reformas

O pré-candidato do PSOL a presidência da República, Guilherme Boulos, abriu sua fala destacando o papel histórico dos bancários nas lutas sociais em defesa dos direitos dos trabalhadores e da democracia e criticou o governo golpista de Michel Temer.

“O Brasil vive hoje uma dura e cruel encruzilhada. Em dois anos o país retrocedeu 50 anos, com a Reforma Trabalhista e a entrega do Pré-Sal para empresas estrangeiras”, disse, defendo uma revogação de todas as medidas tomadas pelo atual governo. Disse que, na verdade, o Brasil nunca gozou de uma democracia plena.
“Nunca tivemos uma democracia plena porque ela nunca chegou às periferias, nem mesmo no período anterior ao golpe. Temos um país desigual”, afirmou.

Lembrou também que não foram militares fechados em uma reunião interna que acabaram com a ditadura, mas sim, as lutas sociais dos trabalhadores.

Politização da Justiça

“O Judiciário aproveitou a ilegalidade que tomou o poder Executivo e a desmoralização do Legislativo para tomar o poder pleno”, ressaltou Boulos, referindo-se ao ativismo político de juízes e do Ministério Público Federal.

Destacou ainda a importância da unidade para a defesa da democracia e de um projeto progressista para garantir o desenvolvimento econômico e social do Brasil.

“Diferenças políticas não podem nos fazer coniventes com a injustiça política. A gente precisa de unidade democrática contra os retrocessos sociais”, acrescentou, referindo-se a sua participação na ocupação popular em defesa da liberdade do ex-presidente Lula e a importância das eleições de 2018.

O líder do movimento dos sem-teto reconheceu os avanços dos governos do PT, mas disse que não há mais espaço para um projeto de pacto social, onde os mais ricos continuam a acumular e a concentrar riqueza.

“Não há mais espaço para avançar sem enfrentar os privilégios de 1% dos mais ricos da sociedade. Não vamos retomar as políticas de inclusão social sem enfrentar os de cima”.

Sistema financeiro

Boulos cobrou ainda o fim da concentração no sistema financeiro nacional e o controle social do setor.

“O Brasil não pode continuar a ser o paraíso dos bancos, que especulam mandando o nosso dinheiro para fora do país. Os bancos públicos têm papel fundamental numa política de redução de juros. Nenhum país do mundo conseguiu desenvolvimento econômico e social sem a presença forte de bancos e empresas públicas”, ressaltou. Defendeu ainda a taxação das grandes fortunas e heranças, garantida pela Constituição Federal.

“O Brasil taxa em 8% as heranças e nos EUA, este índice é de 40%”, citou, dizendo que é preciso taxar mais a riqueza e a propriedade e menos o consumo, que pune os mais pobres.

“Não temos que ter apenas um projeto que vise uma vitória nas eleições, mas sim, que seja vitorioso também para as próximas gerações”, concluiu.

 

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