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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
Não é de hoje que o presidente Jair Bolsonaro e seus aliados atacam as instituições democráticas, desrespeitando decisões judiciais, ofendendo ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e espalhando fake news contra outros candidatos e colocando em dúvida as urnas eletrônicas. Mas neste domingo, 23 de outubro, há uma semana da eleição que vai decidir o futuro presidente do Brasil a partir de 2023, os ataques às instituições disseminados por bolsonaristas xiitas e pelo próprio presidente Jair Bolsonaro (PL) passaram de todos os limites toleráveis e ameaçam, de fato, a paz e a democracia do Brasil.
O ex- deputado federal (PTB) Roberto Jefferson, que cumpria prisão domiciliar por atentar contra o Estado Democrático de Direito, após ofender ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e divulgar vídeos em queestava de armas em punho. Agora, Jefferson xingou a ministra da Corte, Carmém Lúcia de “vagabunda” e "prostituta" e descumpriu a decisão judicial de não divulgar vídeos em redes sociais, tendo recebido nova ordem de prisão do ministro Alexandre de Moraes por causa dos novos crimes cometidos.
Dois policiais feridos
Amigo de Bolsonaro e um dos mais radicais defensores da reeleição do atual presidente, Jefferson recebeu os policiais federais que cumpriam a ordem de prisão à bala, em sua casa em Comendador Levy Gasparian, interior do Estado do Rio de Janeiro. A informação foi confirmada por fontes da própria PF. Jefferson resisitiu a ordem de prisão e fez disparos ferindo pelo menos dois policiais: o delegado Marcelo Vilella, que teria sido atingido na cabeça e na perna e a policial Karina Lino Miranda de Oliveira, de 31 anos. Os dois agentes foram atendidos em um hospital da região e já tiveram alta. Jefferson teria lançado ainda uma granada e policiais tiveram ferimentos com os estilhaços.
Bope em ação
Agentes do Bope (Batalhão de Operações Policiais) foram ao local para tentar a rendição do político bolsonarista, que acabou se entregando à noite, após atacar policiais federais com três granadas e tiros de fuzil, e passar oito horas desrespeitando ordem do STF.
Lula defende a democracia
Segundo informações da imprensa, o presidente Jair Bolsonaro teria determinado a ida do ministro da Justiça, Andreson Torres, ao local para ajudar o amigo Roberto Jefferson. O diretor-geral da Polícia Federal, Márcio Nunes de Oliveira de Sousa e de Inteligência, Alessandro Moretti, também foram ao local.
O candidato do PT à presidência da República Luiz Inácio Lula da Silva criticou os ataques do bolsonarismo à democracia.
"As ofensas contra a ministra Carmém Lúcia não podem ser aceitas por ninguém que respeita a democracia. Criaram na sociedade uma parcela violenta. Uma máquina de destruição de valores democráticos. Isso gera o comportamento com o que vimos”, disse o presidenciável.
Ameaça às instituições
Orientado por seus assessores, Bolsonaro disse “repudiar” as falas do amigo contra a ministra e sua ação armada contra os policiais, mas apoiou a posição de Roberto Jefferson, voltando a atacar o STF, no que chamou de “inquéritos sem nenhum respaldo na Constituição e sem atuação do Ministério Público”.
O presidente da República fala agora como se não disseminasse o ódio de parte de seus eleitores contra as instituições democráticas e nem fizesse das ameaças à democracia uma pauta política, como fez em seu ato político de 7 de setembro de 2021, tendo que se desculpar em seguida numa carta orientada pelo ex-presidente Michel Temer, expressando desculpas e desdizendo suas afirmações alegando que foram ditas "de cabeça quente", se desculpando quanto às ofensas que fez a ministros do STF. Fato é que o bolsonarismo passou de todos os limites e ameaça, de fato, a democracia.