Segunda, 18 Junho 2018 20:50

Quem matou Marielle?

Violência social, ódio, intolerância, e a polícia que mais mata e morre no mundo. A política de segurança repressiva, sem justiça social, fracassou Violência social, ódio, intolerância, e a polícia que mais mata e morre no mundo. A política de segurança repressiva, sem justiça social, fracassou

Na quinta-feira passada (14/6) completaram três meses da morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Pedro Gomes. Foram 13 tiros nas execuções, dentro do próprio carro, no Centro do Rio, na noite do dia 14 de março de 2018, chocando o país. O fato teve repercussão internacional. 
Por trás destes assassinatos, estão a intolerância racial, o preconceito de gênero, e o ódio, alimentado por setores da sociedade que defendem a lei do faroeste, com todos tendo o direito de usar armas e de matar. Os mesmos defendem mais violência policial nas comunidades pobres, como garantia para a segurança pública. O discurso histérico é um tiro no pé. Se matar fosse solução, o Rio de Janeiro seria a cidade mais pacificada do planeta. Em lugar nenhum do mundo a polícia mata e morre tanto, numa guerra de sangue sem fim. 
A receita da pacificação
O curioso é que, os defensores do extermínio de pobres e negros não dão bola para a realidade dos países mais desenvolvidos do mundo, cuja violência é praticamente zero. Na Noruega, por exemplo, a polícia não tem sequer armas. Não é necessário. Onde tem justiça social, pleno emprego, escola pública integral de qualidade e saúde digna para todos, transporte público eficiente e habitação digna, não há porque haver roubos e furtos. 
Intervenção elevou crimes
Os que defendem a intervenção militar estão sem graça ao verificar que no Rio, com a presença das tropas do exército, a criminalidade não foi reduzida. Após a empolgação do espetáculo pirotécnico dos carros de combate blindados nas ruas, vieram os números da realidade. De acordo com dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), foi registrado, por exemplo, em março deste ano, um aumento de 7,1% nos roubos de veículos, resultando no pior marco da série histórica, iniciada em 1991. É como se um automóvel fosse levado por assaltantes a cada oito minutos no estado. Houve recordes negativos também em crimes como roubos de cargas, a pedestres, em ônibus e de celulares. 
Até a Urca, quem diria, área militar e um dos bairros mais tranquilos da cidade, comparado a um município do interior, virou um palco de guerra, em meio a um tiroteio, no último dia 8 de junho, com a fuga de bandidos do Morro da Babilônia, no Leme. O bondinho do Pão de Açucar foi fechado e os voos do Aeroporto Santos Dumont, interrompidos. 
A execução de pobres
Todos os dias morrem nesta guerra, Marielles e Andersons. E o Brasil continua sem respostas para o conflito social, porque banqueiros e especuladores não têm limites para acumular riqueza e homens públicos, para roubar dinheiro. Não importa que a miséria cresça aos olhos de toda a sociedade, com moradores de rua aos milhares nas calçadas, e crianças nas ruas, a escola do crime. O país continua sem resposta também para a pergunta: quem matou Marielle Franco e Anderson Gomes? A intolerância e o ódio, assim como a desgigualdade, que mata negros e pobres nas favelas todos os dias. Só a justiça social põe fim a esta guerra. 

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