Segunda, 16 Abril 2018 00:00

Desvio do papel de bancos públicos prejudica desenvolvimento

Bancos públicos deveriam ser utilizados como reguladores do mercado, reduzindo as taxas a níveis aceitáveis

Os especialistas são unânimes ao afirmarem que existe um gargalo de crédito no mercado e que somente com o aumento do investimento no setor produtivo a economia voltará a crescer de forma sustentável. Os bancos alegam que o crédito está disponível, mas não existe demanda. “Com as altas taxas cobradas pelas instituições financeiras, o custo do capital é proibitivo. Não vai haver demanda nunca”, critica Juvandia Moreira, presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT).
Mesmo com a redução da Selic (taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia para títulos federais), que baixou para 6,5% ao ano na última reunião do Conselho de Política Monetária (Copom), as taxas cobradas pelos bancos continuam sendo absurdas. No cheque especial, a taxa média de juros cobrada pelos bancos fechou fevereiro em 331,2% ao ano.
Em média, o spread bancário (a diferença entre o que o banco paga ao tomar empréstimo e quanto ele cobra do consumidor na operação de crédito) no Brasil é acima de 20%. Em outubro de 2015, com a Selic em 14,25%, o spread médio era de 19,6%. Em fevereiro de 2018, quando a Selic já está em 6,5%, o spread médio tinha aumentado ainda mais, chegando a 20,4% ao ano.
“No Brasil, os bancos lucram em todos os cenários: com crise, ou sem crise. Com a Selic baixa, ou alta. Eles comandam o mercado de capitais a seu bel-prazer, sem ser incomodados pelo governo, que é transformado em seu serviçal”, afirmou a presidenta da Contraf-CUT.
Para Juvândia, os bancos públicos deveriam ser utilizados como reguladores do mercado, reduzindo as taxas a níveis aceitáveis. “O governo teria que baixar as taxas de juros e as tarifas cobradas pelos bancos públicos para tentar recuperar a economia. Mas, está fazendo o contrário”, disse, acrescentando que a Caixa, por exemplo, não é mais o banco com a menor tarifa do financiamento imobiliário. Os bancos públicos não recebem mais aportes de capital para poder emprestar e ajudar o país e se desenvolver. O que estão fazendo é abrir espaço para que os bancos privados assumam o mercado. Estão tornando os bancos públicos desnecessários”, explicou.

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