Segunda, 09 Abril 2018 00:00

Preso político

Na decisão mais rápida da história, que atropelou trâmites legais, o juiz Sérgio Moro decreta a prisão de Lula. Ex-presidente optou por ficar no país para enfrentar a perseguição política em vez de buscar asilo político no Uruguai

Muitas perguntas estão na mente dos brasileiros diante da decisão do juiz Sérgio Moro de decretar a prisão do ex-presidente Lula. A ordem do magistrado, após o Supremo Tribunal Federal (STF), numa decisão apertadíssima (6 votos a 5), negar o habeas corpus pedido pela defesa, foi dada em tempo recorde. Seguindo os trâmites normais, Moro teria até 30 dias para pedir a prisão. O fez em 22 minutos após a decisão do Supremo. Esta foi também a mais ágil ordem de prisão entre todas da Operação Lava Jato, que, em média, duraram de 18 a 30 meses. Por que tanta pressa?
Fica clara a ânsia de criar o fato político e disseminar a manchete na imprensa para o mundo inteiro. Não basta impedir Lula, líder em todas as pesquisas de opinião para o primeiro e segundo turnos da eleição, de ser candidato à presidente da República. Há um processo de desconstrução da imagem do menino pobre de Garanhuns, depois metalúrgico, que se tornou o presidente mais popular da história recente. Torná-lo inelegível não é o suficiente. Há um processo para coagir os trabalhadores, impedindo que Lula, mesmo como prisioneiro político, transfira seus votos para outro candidato de esquerda que também defenda a revogação da Reforma Trabalhista e combata o projeto de privatizações, que inclui o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e a Petrobras.
O imóvel não é de Lula
Como pode alguém ser acusado de ser dono de um imóvel que não lhe pertence, não está sequer em seu nome ou de um membro de sua família?
O Brasil sabe que os grandes ladrões do país moram em Paris, Nova Iorque, Ipanema ou Leblon, não em São Bernardo do Campo. Eles possuem milhões de dólares na Suíça e nos paraísos fiscais. Onde está a “fortuna” de Lula? Nenhuma destas perguntas têm respostas. Sérgio Moro sabe disso, pois não possui provas para condenar e prender o ex-presidente.
É de se estranhar também que Aécio Neves, Michel Temer, Moreira Franco, e José Serra estejam soltos, sob acusação de receber milhões em propinas, corrupção e obstrução de Justiça.
Democracia ameaçada
O estado democrático de direito está ameaçado quando o princípio da presunção de inocência é sepultado. O país corre o risco de um estado autoritário quando a própria Justiça quebra a ordem jurídica vigente para atender ao apelo de setores da chamada opinião pública. Leia-se grande mídia.
Goste-se ou não de Lula, fato é que a democracia exige que ele, sim, seja julgado. Mas nas urnas, pelo voto do povo brasileiro.

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