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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
O protesto contra o assassinato do jovem negro Moise Kabagambe, realizado no sábado (5), em frente ao quiosque “Tropicália”, na Barra da Tijuca, onde o trabalhador congolês foi morto a pauladas até a morte, contou com a participação de centenas de pessoas, em solidariedade à família do rapaz africano. A manifestação teve a presença de entidades do movimento negro e de defesa dos direitos humanos. Segundo os familiares, Moise foi brutalmente morto na noite de 24 de janeiro porque cobrava do patrão, dono do quiosque, o pagamento de R$200 referente a uma diária de seu trabalho no estabelecimento comercial.
O secretário de Combate ao Racismo da Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro) Almir Aguiar, que participou do ato, disse que a tragédia vivida pela família africana no Rio não é um caso isolado, mas é fruto de uma sociedade racista que hoje conta com um explícito movimento político que levou Jair Bolsonaro ao Palácio do Planalto.
“A morte de Moise é mais um assassinato fruto de uma sociedade racista e não podemos aceitar, em hipótese alguma, esta realidade de matança da população negra em nosso país. Dados da ONU (Organização das Nações Unidas) mostram que, no Brasil, a cada 23 minutos morre um negro ou negra no Brasil. Queremos justiça para o Moise, mas também para todos os negros que estão sendo mortos em nosso país todos os dias”, disse o sindicalista, lembrando também da morte de mais um negro, Durval Filho, na última quarta-feira (2) com três tiros por um militar que “confundiu” o seu vizinho com um bandido, em São Gonçalo, região metropolitana do Rio.
Precarização do trabalho
Almir criticou ainda a precarização do trabalho fruto da reforma trabalhista criada pelo presidente Michel Temer e aprofundada no governo Bolsonaro na qual quem mais sofre sã os negros e as mulheres, sem direito à carteira assinada, férias remunerada, FGTS, 13º salário e bem sequer aposentadoria.
“Quando um trabalhador não tem direito a nada beiramos ao trabalho quase escravo em que o empregado tem que ficar cobrando de seu patrão até mesmo o salário pelo trabalho realizado. Esta é a lógica da negociação direta do empregado com o empregador como propogam estes governos neoliberais”, acrescenta.
Repercussão internacional
Houve protesto também em São Paulo, em frente ao Masp (Museu de Arte Moderna), na Avenida Paulista e até no exterior, em Berlim, na Alemanha, em frente à embaixada do Brasil.
“Estas mortes não podem ficar no esquecimento. Moise levou pauladas até a morte em um local público e ninguém sequer tentou impedir a brutalidade”, destaca Almir.
Movimentos negros suspeitam que milicianos possam ser os proprietários da maioria dos quiosques na região e o crime foi típico do crime organizado das milícias do Rio. Um quiosque vizinho tem como proprietário um cabo da Polícia Militar.
“É preciso investigar como são realizadas estas concessões, quais os valores para se abrir e manter estes estabelecimentos pois soa estranho que um cabo da polícia tenha salário para ser proprietário de um quiosque em um dos pontos mais nobres da cidade. E a Prefeitura tem que coibir a informalidade do trabalho nestas concessões”, conclui.
Além de uma ato racista, os participantes dos protestos denunciam a xenofobia contra a população africana no Brasil cujos casos cresceram muito nos últimos anos, especialmente contra africanos, cubanos e venezuelanos.