Terça, 20 Março 2018 00:00

ABUSOS DA INTERVENÇÃO - Teje preso, Alfredinho!

O estilo “sabe com quem está falando?” voltou às ruas do Rio. Agora, parece que vai vigorar a velha e inequívoca arrogância de quem pode exibir uma patente policial qualquer.

Cuidado, seus direitos constitucionais podem estar correndo risco. Veja o que fala, com quem fala e sobre o que fala. Se cheirar a atitudes políticas, protestos contra o governo, solidariedade a minorias sociais e de gênero, você pode ser preso e até espancado.

Pois não foi isso o que aconteceu na noite de segunda-feira e rolou madrugada afora desta terça-feira (20), em Copacabana? Sim. Um grupo de frequentadores do tradicional reduto da boemia , o Bar Bip Bip, foi interpelado pelo agente da Polícia Rodoviária Federal, Haroldo Ramos de Souza, de 57 anos.

Com um samba, os frequentadores homenageavam a vereadora Marielle Franco (PSOL/RJ) assassinada a tiros na última quarta-feira (14), na Lapa. O dono do estabelecimento, o conhecido Alfredinho, de 74 anos, pediu um minuto de silêncio pela vereadora. Ele convocou os presentes para o ato ecumênico em homenagem a Mariellle Franco e o motorista Anderson Gomes, também assassinado junto com a vereadora. O ato está marcado para esta terça-feira, às 19h, na Cinelândia.

O policial, à paisana não gostou do que ouviu e criticou, indagando porque não se fazia o mesmo pelos policiais mortos no ano passado. Bate boca geral, o policial saiu do bar, mas voltou depois com arma em punho, dizendo que tinha sido empurrado na saída, mas sem se lembrar quem.

O caso foi parar no 14º Distrito Policial (Leblon), para onde Alfredinho foi arrastado coercitivamente pela PM que foi convocada, para depor. Também apareceram quatro policiais da PRF armados de fuzis, uma demonstração flagrante de desvio de função.

Eram quase 2h da manhã de terça e Alfredinho, apesar da idade avançada, ainda estava na delegacia de polícia por algo que não lhe dizia respeito. O episódio ganhou as redes sociais e os jornais digitais.

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