Segunda, 04 Outubro 2021 19:03
CONFLITO DE INTERESSES

Paulo Guedes se beneficia da alta do dólar com investimentos milionários em paraíso fiscal

QUEM GANHA COM A ALTA DO DÓLAR? - O ministro da Economia Paulo Guedes, que tem investimentos em paraíso fiscal, precisa explicar se há conflito de interesses em seus negócios no exterior e as informações privilegiadas que possui no cargo público que ocupa QUEM GANHA COM A ALTA DO DÓLAR? - O ministro da Economia Paulo Guedes, que tem investimentos em paraíso fiscal, precisa explicar se há conflito de interesses em seus negócios no exterior e as informações privilegiadas que possui no cargo público que ocupa

O ministro da Economia do Governo Bolsonaro, Paulo Guedes, tem uma offshore milionária e pode estar se beneficiando de sua própria política econômica que fez disparar o dólar em relação à moeda brasileira, o real.
A denúncia foi divulgada em matéria da Revista Piauí, pelos jornalistas Allan de Abreu e Ana Clara Costa, que fazem parte de um projeto do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos, que teve acesso a 11,9 milhões de documentos sobre estes investimentos em paraísos fiscais.

A criação da offshore

Segundo a matéria, no dia 24 de setembro de 2014, em plena turbulência do mercado financeiro com a iminência da reeleição de Dilma Rousseff (PT), em que o Banco Central teve de intervir para conter o câmbio, 24 horas depois, o Paulo Guedes, então sócio da Bozano Investimentos, criou a offshore Dreadnoughts International, no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas, paraís o fiscal do Caribe, para proteger sua fortuna de uma possível crise econômica no Brasil. O atual ministro da Economia teria aportado US$9,55 milhões na offshore aberta numa agência do banco Crédit Suisse, em Nova Yorque. O valor equivale a cerca de R$51 milhões no câmbio atual.
Paulo Guedes teria ferido o artigo 5º do Código de Conduta da Alta Administração Federal, que “proíbe funcionários do alto escalão de manter aplicações financeiras, no Brasil ou no exterior, passíveis de serem afetadas por políticas governamentais”, sobre as quais “a autoridade pública tenha informações privilegiadas, em razão de cargo ou função”. A infração varia de uma simples advertência à recomendação de demissão do cargo público.
Outro fato que confirma o conflito de interesses é a proposta de reforma tributária de Guedes: por sugestão da Receita Federal, o projeto original da reforma previa a taxação de ganhos de capital no exterior, inclusive em paraísos fiscais, mas por pressão dos bancos, com anuência do Ministério da Economia, esta ideia foi derrubada pelo Congresso Nacional.
A offshore de Guedes continua ativa, pelo menos até o dia 28 de setembro de 2021, conforme denuncia a matéria.

Caso igual no BC

Mas Guedes não está sozinho neste desvio ético de conflito de interesses no Governo Bolsonaro: o atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que trabalhou 18 anos como executivo do Santander, criou uma offshore no Panamá.
A única diferença em relação a Guedes é que Roberto Campos fechou sua offshore em agosto de 2020. Mesmo assim presidiu o BC ainda na condição de dono da Cor Assets, criada quando trabalhava para o Santander, durante 602 dias.
Guedes não respondeu aos jornalistas questões como: se o ministro declarou sua offshore em seu Imposto de Renda, qual a origem do dinheiro no paraíso fiscal e se o ministro é a favor ou contra a taxação de capital mantido por brasileiros no exterior como sugere a Receita Federal. Nenhuma das perguntas teve resposta. Mas o povo brasileiro quer saber
O ex-ministro da Fazenda do Governo Temer, Henrique Meirelles, também possuiu um trust em paraíso fiscal no período em que ocupou o comando da economia do país.

Mídia