"As digitais do governo americano estão em todo este processo mentiroso que está ocorrendo no Brasil", afirmou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em sua caravana pelo Sul do Brasil, na última segunda-feira (19).

Ameaçado de prisão, Lula se encontrou em Santana do Livramento, na fronteira com o Uruguai, com o ex-presidente uruguaio José Mujica, do Equador, Rafael Correa, e a ex-presidente Dilma Rousseff.

"Querido Mujica, você sabe que estou sendo ameaçado de prisão. Estou aqui na fronteira e poderia dar um pulinho para o Uruguai, mas não vou fazer isto. E sabe por que? Porque estou tranquilo com minha inocência e são eles que terão que sair do país um dia", disse.

Sentado ao lado de Lula, Mujica, de 82 anos, defendeu um exercício de autocrítica da esquerda regional, inclusive do Partido dos Trabalhadores (PT).

"As mudanças não podem se respaldar em apenas uma figura, porque amanhã não está a figura e a luta continua. É preciso haver partido. Sorte que tem Lula, mas não o terão eternamente e a luta dura", advertiu o ex-guerrilheiro uruguaio. .

Judicialização da política

Rafael Correa criticou o que chama de “judicialização da política”, ao comparar a atual situação de Lula com o que ocorre atualmente no Equador.

"O que estão fazendo com Lula é gravíssimo, como o que estão fazendo contra Jorge Glas, vice-presidente da República do Equador detido sem uma prova sequer contra ele”, denunciou Correa.

Dilma Rousseff declarou que a tentativa de prisão de Lula é a terceira etapa do "golpe" que começou em 2016 com seu impeachment. “O que as elites querem é impedir que Lula seja eleito presidente”, destacou.

"Meu problema pessoal é pequeno diante da aflição de milhões de trabalhadores brasileiros que já perderam o emprego", disse Lula.

Esta é a quarta caravana de Lula nos últimos meses, após percorrer o Nordeste e os estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro.

Em Bagé, cerca de 200 latifundiários protestaram contra a presença de Lula na cidade.