Quarta, 19 Mai 2021 13:38
TRÁFICO DE MADEIRA

Ministro do Meio Ambiente de Bolsonaro é alvo de operação da PF

Ricardo Salles se reúne no Planalto em busca de apoio. ONGs e entidades ambientalistas pedem o afastamento de investigado do cargo
A Polícia Federal investiga o que muitos ambientalistas já denunciavam: a relação do ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles com a exportação ilegal de madeiras A Polícia Federal investiga o que muitos ambientalistas já denunciavam: a relação do ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles com a exportação ilegal de madeiras

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

 

O ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles e o presidente do IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), Eduardo Bim, foram alvo de uma operação da Polícia Federal realizada na manhã desta quarta-feira (19), que investiga a exportação ilegal de madeira para Estados Unidos e Europa. O Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou quebra de sigilos bancário e fiscal dos dois investigados e de mais nove agentes públicos e o afastamento de Bim da presidência do IBAMA, por suspeitas de irregularidades.

Driblando ‘a operação abafa’

Morais tomou uma decisão incomum, mas plenamente justificável: só informou à Procuradoria Geral da República após as ações da PF terem sido realizadas e não antes, como seria de praxe, para evitar que a operação vazasse e o governo Bolsonaro tentasse interferir nas investigações.

A decisão do ministro do Supremo faz sentido, afinal, o procurador Geral da República Augusto Aras já é conhecido por arquivar processos ou investigações contra o presidente Jair Bolsonaro e o governo federal, mas encaminhou à CPI da Pandemia ofício com investigações em curso no Superior Tribunal de Justiça (STJ) referentes a eventuais irregularidades no combate à Covid-19. São citados os governadores do Amazonas, Wilson Lima (PSC); da Bahia, Rui Costa (PT); de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo); do Pará, Helder Barbalho (MDB); e de São Paulo, João Doria (PSDB). Na avaliação dos parlamentares que dirigem a CPI, decisão de Aras é uma clara tentativa de inibir as investigações quanto à responsabilidade do presidente Bolsonaro e de seus ministros, reproduzindo a prática do Palácio do Planalto de culpar governos estaduais e municipais pela trágica condução do país no combate à Covid-19, que já resultou em mais de 440 mil mortes.

Aras arquivou também, em 2020, um pedido de investigação feita pela PF sobre a célebre frase de Salles, em reunião ministerial com o Presidente da República de que, com o foco da imprensa na Covid-19, havia espaço para “passar a boiada” e “mudar a legislação ambiental”.

Salles acuado

Salles foi até a superintendência da Polícia Federal em busca de mais informações sobre a investigação. No Palácio do Planalto, informações preliminares dão conta de o ministro do Meio Ambiente ainda conta com o apoio do presidente Bolsonaro e de seus principais auxiliares.

A operação foi batizada de Akuanduba, nome de uma divindade de indígenas do Pará e foi deflagrada por ordem do próprio ministro Alexandre de Moraes.  

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