Sexta, 13 Julho 2018 17:39

Começa negociação específica da Caixa

O Banco do Brasil aceitou a proposta de calendário de negociações por tema, para o acordo específico. A resposta foi dada nesta sexta-feira à Comissão de Empresa dos Funcionários, em São Paulo. Seguindo a mesma postura que a Fenaban, recusou-se a assinar um pré-acordo que garantisse as cláusulas atuais do acordo coletivo de trabalho, até o fechamento do próximo (ultratividade).

O banco informou que assim como na Mesa da Fenaban, o banco tem disposição de negociar um acordo até 31 de agosto. Ressaltou que os esforços serão feitos para assinatura do acordo e, caso tenha necessidade, discutir um pré-acordo no momento oportuno. As negociações por tema serão nos dias 23 de julho (Saúde e Condições de Trabalho), 26 (Cláusulas Sociais); e a última, a princípio marcada para o dia 3 de agosto (Cláusulas Econômicas).

A Comissão cobrou do banco mais investimento em segurança nas agências, em função do aumento de práticas criminosas, sobretudo a de explosão de unidades de madrugada. Houve uma preocupação com os municípios que estão ficando sem agências bancárias e sem circulação de numerário.  O banco informou que os assuntos da pauta sobre segurança bancária não têm ainda resposta e serão tratados na mesa do dia 23.Denunciaram que agências do BB estão desrespeitando os normativos do Banco Central, ao fazer correspondentes bancários realizarem tarefas dentro, ou na calçada em frente às agências. O banco afirmou que a orientação é que este trabalho se dê em ambiência própria.

Abrangência

Um ponto importante firmado na negociação foi a abrangência do acordo a ser assinado. O BB afirmou que o acordo terá a mesma abrangência do anterior, não excluindo os trabalhadores chamados de “hipersuficientes” pela nova legislação trabalhista. Conforme a nova lei aprovada no governo Temer, empregados com nível superior e remuneração acima de duas vezes o teto de benefícios do INSS (R$ 11.291) negociariam direto com o patrão, correndo o risco de perder direitos, uma vez que não teriam uma representação coletiva. A abrangência a todos dá mais segurança aos funcionários do BB.  

Renovação de cláusulas

 O banco firmou o compromisso de renovação das cláusulas de benefícios conquistadas ao longo das diversas campanhas salariais e inseridos no acordo coletivo. Nestas cláusulas estão as ausências legais e auxílios como PAS Auxílio, Isenção de Tarifas e Licença para Acompanhar Pessoas Enfermas. Foi firmado o compromisso de instalação da Mesa de Temática de Saúde do Trabalhador. Nela será discutida a realocação de funcionários que voltam de licença saúde, bem como detalhamento do PCMSO e outros programas de saúde.

Outra mesa temática com o compromisso de instalação após a assinatura do acordo é sobre Escritórios Digitais e Teletrabalho. Os funcionários querem debater a forma como os escritórios estão sendo implantados e as condições de trabalho dos funcionários dessas unidades.

O banco informou também que o número de funcionários está limitado às portarias do Governo, via SEST e que não fará concursos para reposição dos claros nas agências, uma vez que ainda existe uma grande quantidade de excessos e precisam ser ajustados. Os funcionários cobraram do banco que não haja remoção compulsória para outras cidades e que o banco estude incentivos para funcionários que queiram migrar para dependências com dificuldade de provimento, ainda que seja na mesma praça.

Descomissionamentos e coação

A Comissão relatou casos de descomissionamentos feitos de forma desrespeitosa e com coação e assédio por parte dos gestores. Em Salvador e Curitiba foram chamados a uma sala e teriam que responder a proposta forçada de migração para jornada de 6 horas. Não poderiam consultar ninguém sobre a situação que envolvia redução salarial e foram descomissionados no mesmo dia.

A Comissão de Empresa informou ao banco que todos sabem que se trata de retaliação por estarem contemplados em ação judicial, mas que em nenhum caso anterior foi feito dessa forma, sem oportunidade de tempo para as pessoas responderem.

Os representantes dos funcionários cobraram da DIPES a responsabilidade na orientação aos funcionários. No caso do CSA de Curitiba a administração da Unidade informou que foi orientado pela Diretoria Gestão de Pessoas que nega haver orientação do banco para esse tipo de coação. Os funcionários cobram que se não é orientação do banco, deveria haver abertura de procedimento administrativo para apurar e não havendo apuração, fica caracterizado a orientação institucional da empresa. 

Cesup

O Sindicato tomou conhecimento de que funcionários do CESUP (Centro de Suprimento), foram surpreendidos com a informação de que seriam transferidos sem nenhum aviso. Receberam e-mails da Gepes, solicitando escolha de uma das agências listadas. 

Foi solicitada reunião com a Gepes e o CESUP para apurar o ocorrido. Na ocasião, ficou acordado de que seria feita reunião com os funcionários para comunicar a existência dos chamados “excessos” e os critérios utilizados pelo banco. “Constatamos que não foi observado que havia funcionários com restrições por motivo de saúde e, não poderiam ser transferidos. Um dos funcionários, inclusive, recebeu novo e-mail cancelando o anterior", afirmou Rita Mota da Comissão de Empresas dos Funcionários do BB. 

O Sindicato considerou desrespeitosa a forma como foi conduzido o processo, visto que desconsiderou as necessidades dos funcionários e, apesar de permanecerem no banco, são tratados como descartáveis. 

Para piorar, dias após a reunião, o sindicato tomou conhecimento de que mais um funcionário foi comunicado da mesma forma.  Ao invés dessa forma, a gestão da dependência deveria ressaltar a importância do trabalho dos funcionários para o banco que, por sua vez, deveria criar incentivos para atrair e motivar os funcionários. 

Este caso foi relatado na mesa específica  de negociação e o banco se comprometeu  a acompanhar o caso.  Além da transparência com que a situação deveria ter sido tratada, a gestão não avaliou a possibilidade de haver interesse de outros funcionários eA diretoria da Caixa Econômica Federal decidiu dizer amém à Fenaban e, como foi feito na mesa de negociação da Convenção Coletiva dos Bancários pela federação dos bancos, recusou-se a assinar o pré-acordo que garantia a validade do acordo coletivo específico até depois da data-base da categoria, a chamada ultratividade. A negativa ocorreu na primeira rodada de negociação específica, nesta sexta-feira (13/7), em São Paulo.

Seguindo a política do “morde e assopra” os representantes do banco concordaram com a proposta de estabelecer um calendário de reuniões, dias 20 e 26 próximos, em Brasília. Saúde e Condições de Trabalho, Caixa 100% Pública e Nenhum Direito a Menos serão os temas da primeira, e, no dia 26, Saúde Caixa e Funcef.

Criando entraves

Segundo a direção da Caixa, os acordos específicos, antes de serem assinados, devem passar pela aprovação do Conselho de Administração (CA) do banco. “Sabemos que sempre houve a necessidade de consulta aos órgãos controladores. Porém, nossa preocupação é que, com o atual desmonte do banco, interesses privados venham a prejudicar os empregados e a Caixa 100% Pública”, explicou Dionísio Reis, coordenador da Comissão Executiva dos Empregados da Caixa (CEE–Caixa), ao exemplificar com a participação de ex-diretores da Shell no Conselho de Administração da Petrobras.

Descomissionamento

A Comissão Executiva dos Empregados (CEE-Caixa) adiantou algumas reivindicações. Cobrou a revogação da versão 41 do RH 184, o fim da Gestão de Desempenho de Pessoas (GDP) e do descomissionamento arbitrário e, especificamente o descomissionamento de gestantes. O banco se comprometeu a avaliar as questões. 

Cobrou o fim do processo de verticalização, que além de descomissionar arbitrariamente, expõe a Caixa no mercado. Faz com que o banco reduza a atuação em áreas em que sempre foi referência e concorra com bancos privados, em área nas quais dominam. Sobre a criação de unidades estatuais de Saúde do Trabalhador, por Gipes ou Repes, com a participação dos trabalhadores, o banco disse que todos as unidades da federação têm pelo menos um empregado responsável pelo tema. Os trabalhadores reclamaram que não é suficiente.

Já o fortalecimento dos Fóruns Regionais de Condições de Trabalho, a direção da Caixa alegou que “está em andamento”. Os empregados protestaram diante da demora para disponibilizar o incentivo à escolaridade em 2018. O banco informou que as bolsas para pós já estão disponíveis e que as para línguas e graduação devem estar até o final agosto. A CEE entregou ofício para reiterar a cobrança de mais transparência no Saúde Caixa, com a disponibilização de dados que permitam as entidades entender mais profundamente o plano de saúde.m ser transferidos.

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