É preciso ter esperança, mas ter esperança do verbo esperançar. E esperança do verbo esperar não é esperança, é espera. Esperançar é se levantar, esperançar é ir atrás, esperançar é construir, esperançar é não desistir!

Paulo Freire

A esperança é marca registrada de cada Ano Novo. Algo em nós se renova com a expectativa do recomeço ou a possibilidade de deixar para trás o peso do ano que passou. 2021 chega com essa imensa responsabilidade, o peso de 2020 nos parece ainda incalculável. Foi um ano histórico e, infelizmente, não no bom sentido.

A pandemia marcou nossas vidas para sempre, marcou a história da humanidade. Fomos obrigadas/os a encontrar caminhos para reinventar a vida cotidiana. Cada um e cada uma de nós viveu uma revolução profissional, pessoal e familiar. Na luta sindical não foi diferente. Esse turbilhão de sentimentos e essa avalanche de novas formas de atuação e relacionamento afetaram diretamente nossa maneira de negociar e de resistir à pressão. Tivemos um ano inteiro de luta sem descanso: a defesa da jornada, a exigência de medidas de proteção contra a pandemia, a Campanha Nacional e as demissões. O Brasil atravessa um período de ataque aos direitos, às liberdades, com exemplos lamentáveis de intolerância, falta de solidariedade e respeito com a população vindos de cima. Não foi fácil. Em meio a tudo isso, a categoria bancária conseguiu na renovação da Convenção Coletiva de Trabalho o que em alguns momentos parecia impossível: preservar nossos direitos adquiridos ao longo do tempo com tanta luta.

2021 vem cheio de desafios. Manutenção de empregos, teletrabalho, preservação da saúde e da vida, enfrentamento de metas abusivas são apenas alguns deles. Fortalecer o Sindicato dos Bancários Rio é outra tarefa que vai exigir de nós consciência e determinação. Como nos apontou Paulo Freire, é preciso esperançar. E isso significa ter esperança com atitude, apostando na construção coletiva, no caminhar lado a lado, na solidariedade. Nosso sindicato tem 90 anos de luta e uma história escrita exatamente assim: esperançando. Sigamos juntos com boas energias e também com alegria, uma bela forma de resistir aos tempos difíceis. Como nos ensinou Gonzaguinha, também cheio de esperança, acreditamos “que a vida devia ser bem melhor. E será!”

Adriana Nalesso, presidenta do Sindicato dos Bancários Rio