Quinta, 19 Julho 2018 23:27

Bancários cobram medidas mais efetivas contra o assédio moral

Adriana Nalesso cobrou mais efetividade na cláusula que trata da prevenção de conflitos no trabalho Adriana Nalesso cobrou mais efetividade na cláusula que trata da prevenção de conflitos no trabalho

Os bancários sofrem com sobrecarga de trabalho, corte de empregos; cobrança abusiva por metas; assédio moral e outros fatores nocivos à saúde. Na negociação com a Fenaban, na quinta-feira (19/7), sobre Saúde e Condições de Trabalho, o Comando Nacional dos Bancários reivindicou a alteração no modelo de gestão implementado pelos bancos, que tem ampliado o adoecimento físico e psíquico da categoria, em função do assédio moral, associado, entre outros, à cobrança de metas inatingíveis. 
Também como forma de combater o assédio, foi cobrada mais efetividade na cláusula sobre o assunto – já existente na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) – a chamada cláusula de prevenção de conflitos. A Fenaban se comprometeu em estudar a possibilidade de diminuir o prazo de apuração e retorno nos casos de denúncias de assédio moral feitas aos bancos, previsto nesta cláusula. 
Segurança
Também foram abordadas questões de segurança, a fim de diminuir os riscos a que estão submetidos bancários e clientes, além da discussão de reabertura de agências para melhor atender às necessidades dos municípios. “A bancarização é obrigação do setor. Os bancos para diminuir os riscos fecharam agências e algumas unidades funcionam sem numerário. O sistema financeiro precisa e deve atender às demandas da sociedade e não apenas priorizar os lucros”, defendeu a presidenta do Sindicato, Adriana Nalesso, que faz parte do Comando Nacional e participa das negociações.
Foi reivindicada, ainda, a exclusão da cláusula que trata de junta médica para avaliação de bancários durante o período de afastamento. O Comando sustentou que não cabe a convocação do licenciado e em tratamento, seja porque está doente, e, como consequência, com o contrato de trabalho suspenso, com amparo da perícia da Previdência Social. A junta, por isto mesmo, é um absurdo. 
Também foi abordada a questão da estabilidade para quem retorna ao trabalho após cancelamento da aposentadoria por invalidez. O INSS tem cancelado os benefícios e os trabalhadores retornam totalmente desprotegidos. 
Fenaban nega adoecimento
O Comando Nacional apresentou na negociação recentes pesquisas sobre o tema, entre elas, a realizada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) em parceria com a Organização Internacional do Trabalho (OIT) com base nos afastamentos pela Previdência. O estudo revela que os afastamentos por doenças psicossomáticas aumentaram na categoria. 
A Fenaban, no entanto, refutou estes dados. Afirmou que estes transtornos mentais são fenômenos mundiais, não necessariamente relacionados ao trabalho. Acrescentou, ainda, que a pesquisa mostra a maior incidência deste tipo de doença nos bancos, porque atinge mais jovens e mulheres que são os segmentos mais presentes na categoria.
Os dados da pesquisa
A pesquisa MPT/OIT foi feita com base nos afastamentos pela previdência no Brasil. Revela que os motivados por doenças psicossomáticas aumentaram na categoria. O estudo comprova que os bancos são responsáveis por 15% do total de casos de afastamentos por causas mentais verificados em todos os setores, nos anos de 2012 a 2017. A proporção aumenta para 16% quando se consideram os afastamentos por depressão: são 3.641 bancários afastados por este motivo.
O grupo de doenças osteomusculares e do tecido conjuntivo passou de 55,2% dos afastamentos, em 2012, para 40,3%, em 2017. O grupo doenças mentais e comportamentais sobe de 34,1% para 42,3%, em 2017, e o grupo de doenças nervosas tem sua participação relativa ampliada de 10% para 17,2% entre 2012 e 2017. Já o grupo que se refere a “outras causas”, é muito baixo em relação aos demais.
Ao comparar os afastamentos por tipo de doença a pesquisa revela que os bancários associam o estresse à profissão e que o trabalho é fonte de apreensão constante: de medo por exposição pública; de tensão permanente por temor de assalto e violência. E ainda um ambiente de baixa tolerância ao erro; de acúmulo de tarefas; e de fácil supervisão e comparação entre colegas. “Os bancários apontam a realidade do setor, eles vivenciam isso no dia a dia. E exigem mudanças”, defendeu Adriana.

Próximas negociações 

20/7 e 26/7 – Caixa
23 e 26/7- Banco do Brasil
25/7 – Fenaban: Emprego
1/8 – Fenaban: Remuneração

Mídia