Quinta, 23 Julho 2020 19:02
OBITUÁRIO

Cantor e compositor Sérgio Ricardo morre aos 88 anos no Rio

O músico, poeta e diretor Sérgio Ricardo era um artista completo e um ícone da Bossa Nova  O músico, poeta e diretor Sérgio Ricardo era um artista completo e um ícone da Bossa Nova

Injustamente mais lembrado por sua reação de quebrar o violão após ser vaiado no Terceiro Festival de Música Popular Brasileira, da TV Record, em 1967, quando concorreu com a música “Beto Bom de Bola” do que por sua significativa trajetória artística, o cantor e compositor Sérgio Ricardo morreu nesta quinta-feira, 23 de julho, aos 88 anos. Outras estrelas da MPB, como Caetano Veloso e Chico Buarque também tiveram a experiência de serem vaiados no famoso festival.

Sérgio teve Covid-19 e faleceu de insuficiência cardíaca no Hospital Samaritano, na Zona Sul do Rio, onde estava internado desde abril.

O enterro está previsto para acontecer na tarde desta sexta-feira (24), no Cemitério da Cacuia, na Ilha do Governador. Em função da pandemia do novo coronavírus, a cerimônia será restrita à família.

Artista completo

Sérgio Ricardo, além de compor e cantar dirigiu e atuou no cinema e na TV e fez várias trilhas sonoras. Paulista de Marília, seu nome de batismo era João Lufti. Começou sua carreira profissional como pianista em casas noturnas, nos anos de 1950, época em que conheceu Tom Jobim.

Gravou, em 1960, o LP "A bossa romântica de Sérgio Ricardo", lançado, com destaque para a canção "Pernas". Fez sucesso também com músicas como “Zelão”, “Beto bom de bola” e “Ponto de partida”.

Em 1962, participou do histórico Festival de Bossa Nova, no Carnegie Hall de Nova York (EUA), ao lado de Carlos Lyra, Tom Jobim, Roberto Menescal, João Gilberto e Sergio Mendes, entre outros.

Dirigiu e atuou em filmes como “Êsse mundo é meu” (1964), “Juliana do amor perdido” (1970) e “A noite do espantalho” (1974). Compôs músicas para as trilhas sonoras de "Deus e o diabo na terra do Sol" e "Terra em transe", obras primas do cinema novo, dirigidos pelo cineasta Glauber Rocha.

Em 1968, escreveu o roteiro musical para a peça de Ariano Suassuna "O auto da compadecida", levada ao cinema pelo diretor George Jonas.

Em 1991, publicou o livro "Quem quebrou meu violão" (ed. Record), um ensaio sobre a cultura brasileira desde os anos 1940. Também se dedicou a obras de poesia, entre elas o livro "Canção Calada", lançado em 2019.

 

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