Quarta, 22 Julho 2020 20:02

Após farra com desvios na saúde, Witzel diz que não terá dinheiro para pagar salários

Witzel ainda enfrenta processo de impeachment por gastos ilegais nos hospitais de campanha Witzel ainda enfrenta processo de impeachment por gastos ilegais nos hospitais de campanha

Olyntho Contente
Imprensa SeebRio

Em plena pandemia do novo coronavírus e após o escândalo do superfaturamento na aquisição de equipamentos e construção de hospitais de campanha, o governador Wilson Witzel disse que talvez não tenha dinheiro para pagar os salários dos servidores de agosto. O secretário de Fazenda, Luiz Claudio Rodrigues de Carvalho, foi mais longe ao anunciar que nem mesmo o salário do mês de julho está garantido, alegando que "manobras de tesouraria" precisariam ser feitas.

Segundo Carvalho, o estado precisaria receber da União ao menos R$ 10 bilhões, dos R$ 15 bilhões pleiteados, para garantir o pagamento dos servidores ao longo de 2020 e manter serviços essenciais. O problema está relacionado, entre outros, ao escândalo do superfaturamento na saúde e aos pagamentos mensais que o estado está obrigado a fazer em função do acordo que deu origem ao Regime de Recuperação Fiscal, assinado em 2017 entre os governos Pezão e Temer. Para a execução de obras consideradas assunto de Estado, portanto, de responsabilidade da União, como as das Olimpíadas e Copa do Mundo, os estados se endividaram, quando, na verdade, a dívida era de responsabilidade do governo federal.

Na hora do desembolso, no entanto, os estados não tiveram condições de pagar os financiamentos bilionários. Então, o governo Temer fechou um acordo draconiano pelo qual os estados se endividariam ainda mais para poder saldar as dívidas que contraíram junto a bancos, mediante certos compromissos previstos no Regime de Recuperação Fiscal, como a proibição de novos gastos com o funcionalismo, a privatização das estatais e o pagamento religioso dos empréstimos.

O Palácio Guanabara estima arrecadar este ano R$ 55 bilhões. No entanto, o último Relatório Resumido de Execução Orçamentária aponta despesas de R$ 83 bilhões. E nessas despesas ainda não estão computados os R$ 4 bilhões que o estado tem que pagar este ano pelo empréstimo com o banco BNP Paribas referente ao Regime de Recuperação Fiscal firmado em 2017. A conta não fecha. Em três anos, metade do que o estado arrecadar com receitas tributárias, royalties e transferências terá que ser pago ao governo federal.

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