Segunda, 20 Julho 2020 21:07

Coragem: a distância não nos limita na campanha salarial

Economia em crise, desemprego em alta, ameaça de privatização dos bancos públicos. É com esse cenário que estamos entrando na nossa Campanha Salarial 2020. Para agravar a situação, temos um governo que não é capaz de apresentar uma única política pública de estímulo à geração de renda ou de criação de postos de trabalho. A economia mundial impactada pela pandemia, o Brasil paralisado. Se você leu até aqui, não desista. Nem da leitura, nem da luta. A vida nos cobra coragem e isso temos de sobra.

A consciência sobre a conjuntura extremamente difícil não deve nos paralisar; ao contrário, pode nos motivar a buscar caminhos para seguir e fazer uma campanha salarial histórica. Nada será como antes nas nossas vidas e nada será como nas campanhas dos anos anteriores. A começar pelo distanciamento social.

Hoje, no país, 250 mil bancários e bancárias estão em home office. E muitos trabalham em sistema de rodízio nas agências. A conversa nos corredores e a atualização sobre a campanha no encontro no cafezinho não vão mais ter o peso que sempre tiveram. O olho no olho vai, em parcela significativa dos casos, ser substituído pela comunicação virtual, a leitura do post no Facebook, no Instagram, do texto no site, da mensagem de WhatsApp. A comunicação eletrônica atravessou nossas vidas sem pedir licença. Agora, precisamos fazer a tecnologia disponível trabalhar a nosso favor, em defesa dos nossos direitos, dos nossos empregos, da nossa saúde.

E precisamos ampliar a nossa sindicalização. O que faz a categoria ter força diante dos banqueiros é eles saberem que as entidades que se sentam à mesa de negociação estão respaldadas pela maioria dos bancários. Nesse jogo, o cacife para lutar pelos direitos é proporcional ao número de associados que representamos. Quando os banqueiros percebem que do nosso lado há união e ampla representatividade, eles entendem que precisam negociar, precisam aceitar nossas propostas. É por isso que o caráter nacional da campanha, envolvendo bancários e bancárias de norte a sul do país, faz toda a diferença. É por isso que termos uma mesa única de bancos públicos e privados que nos dá força.

A pandemia abalou conceitos importantes no mundo do trabalho. O home office, que era ainda incipiente quando 2020 começou, hoje é uma realidade que veio para ficar. Muitos bancos já assumem que não retornarão com parte significativa dos seus funcionários e esperam, dessa forma, reduzir direitos. Não só o vale-transporte, mas o auxílio-refeição e até o auxílio-creche têm sido apontados como passíveis de suspensão para os que trabalham em casa. Como se o trabalhador ou a trabalhadora não tivesse que se alimentar e encontrasse tempo para cumprir as metas estipuladas ao mesmo tempo que cozinha e cuida do bebê durante o expediente. E ainda há mais absurdos: a hipótese de que o salário seja reduzido para quem está em trabalho remoto. Enquanto isso, os bancos públicos estão sendo atacados intensamente por esse governo que despreza o patrimônio nacional.

Sim, a luta nunca foi fácil e se coloca ainda mais desafiadora nessa conjuntura. Mas sabemos nos reinventar. Ao realizar de maneira eficiente uma

Adriana Nalesso, Presesidenta
Sindicato dos Bancários Rio

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