Sábado, 18 Julho 2020 16:19

Consulta Nacional revela o perfil da categoria bancária

Maioria dos bancários e bancárias aponta defesa dos direitos e aumento real de salário como prioridades da campanha nacional

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

 

A Consulta nacional dos bancários 2020 contou com grande participação da categoria. Entre aqueles que responderam ao formulário a maioria foi do Banco do Brasil (28,9%), seguido pelos bancários da Caixa Econômica Federal (24,7%), Bradesco (14,9%), Itaú (14,1%) e Santander (8,3%).

A prioridade apontada pelos bancários e bancárias como bandeira de luta na campanha deste ano mostraram que os trabalhadores estão cientes da conjuntura política desfavorável e da necessidade de preservação das conquistas previstas na Convenção Coletiva de Trabalho. A manutenção dos direitos é apontada por 79,7%, seguido de condições de trabalho (69%), emprego (21,7%), combate ao assédio moral (8%), igualdade de oportunidades (6,4%) e reposição dos custos do teletrabalho (3,4%). Nesta pergunta, o participante pode apontar mais de uma opção. Nos itens remuneratórios, a prioridade é o aumento real de salário, seguido de um Plano de Cargos e Salários e uma melhor PLR.  

Home Office

Em relação ao local de trabalho, 63% disseram que estão locados nas agências, 22% em departamentos e 15% em Home Office. Em relação ao teletrabalho 98% respondeu que têm trabalhado três ou mais dias neste sistema e apenas 1% por um período menor (um ou dois dias).

O índice de sindicalização na categoria continua alto, mas há ainda espaço para a busca de novos associados: 71% disseram que são sindicalizados e 29% não são ainda sócios de sua entidade representativa.

Em relação à jornada, 57% disseram trabalhar até 30 horas semanais (8 horas diárias), mas é grande também o número daqueles que têm trabalhado horas excedentes.

Faixa etária e tempo de serviço

A falta de novas contratações em função da redução de unidades físicas mostra um índice maior entre os funcionários com mais tempo de trabalho e um baixo rejuvenescimento na idade média dos trabalhadores: 31,8% disseram que têm mais de 16 anos de casa, 27,8% de 6 a 10 anos e 24,2% de 11 a 15 anos de serviço. Apenas 16,2% têm até cinco anos de trabalho. A maioria tem de 31 a 40 anos de idade: 38,5%; já 25,2% têm de 41 a 50 anos e 20% mais de 50 anos. De 21 a 30 são 15,5% e com menos de 20 nos apenas 0,5%.

Discriminação racial

Os números da Consulta mostram que o preconceito racial ainda é um problema grave no mercado de trabalho bancário. Apenas 5,7% da categoria se reconhecem como da raça negra e 6,83% como pardos. Já os brancos compõem 67,1% do contingente nos bancos. Há ainda 2,6% de amarelos e 0,2% de indígenas.

As mulheres continuam sendo maioria na categoria: 55% contra 45% de homens.

Pandemia

Em relação à pandemia do novo coronavírus, 4,8% disseram ter sido infectado pela Covid-19 e 51% que não foram contagiados. Um número grande (44,2%) disse não saber, o que pode revelar a falta de testagem ou o temor do trabalhador em dizer que foi infectado.

Pressão por metas

Quanto aos efeitos da pressão por cobrança de metas sobre a saúde dos empregados, 54,1% disseram sentir cansaço e fadiga constantes, 51,6% disseram ter crise de ansiedade e 42,3% responderam sentir desmotivação e vontade de não ir trabalhar, revelando o alto nível de adoecimento. O número de bancários que usam medicamentos, como antidepressivo, é elevado: 35%. Já 65% disseram que não fazem uso de medicamentos controlados.

Participação na Campanha

Os bancários mostraram também que estão dispostos a participar das mobilizações da campanha salarial. 37,1% disseram que vão aderir à greve. Um número maior pretende dialogar com os colegas sobre as reivindicações (50%) e 38,3% vão expor aos familiares e amigos o assunto e 35,5% responderam que querem participar das atividades de mobilizações virtuais e protestos.

O combate às privatizações e ao desmonte dos bancos públicos é defendido como reivindicação muito importante por 78,9% dos trabalhadores e 13,8% disseram que esta questão é importante.  Apenas 7,4% disseram que este item é pouco relevante ou não tem nenhuma importância.

Quanto ao financiamento das atividades de lutas das entidades sindicais, 96% defendem que todos os bancários, beneficiados pelo acordo coletivo, devem contribuir com os custos da campanha e apenas 4% acreditam que apena os associados dos sindicatos devem bancar esta ajuda.

 

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