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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva começou sua participação no primeiro dia da Conferência Nacional dos Bancários, nesta sexta-feira (17), elogiando a categoria bancária por ter conseguido alguns dos melhores acordos de proteção dos trabalhadores nos últimos anos e também lamentou as mortes de tantos brasileiros e brasileiras na pandemia do novo coronavírus.
“Nós acabamos de chegar a 77 mil mortos e passamos de dois milhões de infectados. Quero prestar minha solidariedade a todas as pessoas que estão infectadas e ao povo brasileiro e cumprimentar os heróis que trabalham na área de saúde e que estão sendo tão violentados pela elite brasileira. O SUS só aparece na imprensa com difamações. Pode curar mil pessoas em um dia, mas só aquele que perdeu a vida é que vai marcar a imagem do sistema público de saúde”, destacou. Lula lembrou que durante o governo do PT foi criado 63% de todos os leitos do SUS e afirmou que a pandemia está “mostrando que quando a iniciativa privada não consegue solucionar somente o Estado pode resolver”.
Investimento público
O ex-presidente citou como exemplo o governo dos EUA e da Alemanha para mostrar que não há saída para a crise sem investimento público.
“Até o governo Trump, depois de fazer tantas bobagens, liberou seis trilhões de dólares para tentar enfrentar a crise do coronavírus. Ângela Merkel, que é conservadora, para resolver os problemas da indústria alemã já emitiu 130 bilhões de Euros e mais 570 bilhões para a criação de um fundo europeu”.
Falou ainda da crise sanitária no Brasil. “Nós temos hoje um ‘cacho de bananas dos grandes’ de crise e não temos governo para resolver”, criticou, dizendo que o Brasil teria que criar no início da pandemia um comitê de crise, reunindo os melhores especialistas brasileiros, o ministro da saúde e todos os governadores e secretários da área para enfrentar a pandemia.
“O governo teria que calcular para fazer os recursos chegarem aos estados antes da chegada do coronavírus ao território nacional. Mas, ao invés de fazer o papel que é como de um maestro de coordenar e reger a sua orquestra, os músicos, que são governadores, deputados estaduais, secretários da saúde, ele preferiu brincar, dizendo que era uma ‘gripezinha’ e que ‘só matava velhinhos’ e que ninguém deveria temer a pandemia e que as pessoas deveriam voltar a trabalhar”.
Afirmou, por experiência de seu próprio governo, que todo investimento público direcionado para o povo volta para o governo em forma de impostos.
O falso empreendedorismo
Lula disse ainda que o governo, ao contrário de seu discurso, “não está tentando salvar a economia”.
“Bolsonaro está pensando através da cabeça do Guedes porque ele é um ignorante e não entende absolutamente nada de economia. E o Guedes, muito menos, pois disse que se conseguir fazer as reformas vai gerar mais quatro milhões de empregos neste país. Depois de convencer a sociedade, através do conluio com os meios de comunicação, de que o cara trabalhar entregando pizza de bicicleta é um ‘microempreendedor’ quando este indivíduo está muito mais para um escravo, não tem férias, não tem décimo terceiro, não tem seguridade social e se roubarem a bicicleta ele não tem como comprar outra. É um ser humano sem destino, sem saber se vai ter trabalho, quanto vai ganhar. Que microempreendedor é esse?”, afirma.
Disse que a crise principal a ser resolvida é a sanitária, mas também o desemprego.
“O único remédio nesse momento contra a pandemia, enquanto não tiver a vacina, é o isolamento. E a única coisa que ele faz é vender a cloroquina sem nenhuma orientação médica, como se isso fosse a salvação”, criticou, chegando a duvidar da veracidade da informação de que Bolsonaro está mesmo com o coronavírus e insinuou que ele faz isso para dizer que “foi curado pela cloroquina”.
Respeito ao povo
Lula sugeriu ainda o apoio federal para unificar as pesquisas feitas pelo Instituto Butantã (SP) e pela Fiocruz (RJ) a fim de buscar soluções contra a Covid-19 e defendeu ainda o apoio ao micro e pequeno empreendedor, dizendo que o país tem dinheiro.
“Se tivéssemos um presidente que entendesse de povo, que tivesse sentimento, coração, mente. Mas a vida desse homem é a vida miliciana é de pensar no mal”, desabafou. Elogiou o consórcio dos governadores e criticou o fato de Bolsonaro ofender os governadores, os índios e os negros quilombolas e permitir o desmatamento da Amazônia.
Defendeu a emissão de dinheiro e aumento da dívida pública para ajudar as pequenas empresas e salvar a vida da população e garantiu que essa medida não vai gerar inflação.
“Bolsonaro não toma essas medidas porque não tem compromisso e não quer saber do povo trabalhador. Ele só sabe responsabilizar aqueles que têm tentado salvar a vida das pessoas, que são os governadores”, ressaltou.
“Como pode o presidente escolher ministro de direitos humanos que não gosta de direitos humanos, do meio ambiente que não gosta do meio ambiente. O cara não gosta de índios, não gosta de negros, do povo LGBT, não gosta de nada. É preciso manter a nossa indignação e ter respeito ao povo brasileiro”, concluiu, dizendo que só haverá saída com muita luta e protestos e destacou que os bancários têm papel fundamental nesta mobilização.