Sábado, 18 Julho 2020 01:46
22ª CONFERÊNCIA NACIONAL

Flávio Dino aponta caminhos para o Brasil sair da crise

Defesa da democracia, fortalecimento do Estado e dos investimentos públicos e programas sociais são apontados como algumas das saídas para o país
Flávio Dino defendeu políticas sociais, auxílio emergencial também para micro e pequenas empresas e políticas de investimento público para apoiar a indústria e o setor produtivo a fim de gerar empregos e renda Flávio Dino defendeu políticas sociais, auxílio emergencial também para micro e pequenas empresas e políticas de investimento público para apoiar a indústria e o setor produtivo a fim de gerar empregos e renda

Carlos Vsconcellos

Imprensa SeebRio

 

O governador do Maranhão Flávio Dino (PCdoB) abriu sua participação na 22ª Conferência Nacional dos Bancários, realizado nesta sexta-feira (17) por videoconferência, lembrando que começou a advogar no Sindicato dos Bancários de seu estado, no início dos anos 90.

“Naquele período começou o processo da concentração do capital financeiro, da extinção e fusão de bancos, da negação de direitos, da redução de empregos, da automoção, a utilização da tecnologia como elemento de substituição de trabalhadores bancários e bancárias”, observou.

Entulho autoritário

Lembrou de seu tempo de militância estudantil nos anos 80 em que era utilizado o termo “entulho autoritário” e comparou aquele período com a atual conjuntura. “Hoje temos um entulho autoritário que precisa ser removido num próximo governo progressista e democrático no Brasil. E um exemplo disso é a legislação antissindica, que visa destruir o movimento sindical no Brasil. Esse não é um tema que diz respeito apenas aos sindicalistas nem somente a classe trabalhadora, mas a todos os que acreditam na democracia”, destacou, dizendo ainda que os sindicatos são imprescindíveis no combate às desigualdades sociais e que o país de um sindicalismo forte, independente e com sustentação financeira.

Defesa da democracia

Dino destacou pontos que considera essencial como agenda para o país sair da crise. O primeiro é a defesa da democracia. Criticou a tutela militar sobre as instituições democráticas. “Hoje temos seis mil cargos civis ocupados por militares. Nem na ditadura tivemos tantos militares exercendo cargos públicos. A democracia é um valor institucional fundamental que resvala nestes temas e precisa estar enraizada no coração e no sentimento do povo mais humilde. E é nosso dever fazer isto, mostrar que o sistema democrático é o que garante aos brasileiros os seus direitos”, afirma, acrescentando que a democracia não pode se limitar a um conceito formal.

O papel do Estado

O governador maranhense disse ainda que “a pandemia mostrou que temos de mostrar a centralidade do papel do Estado como provedor de direitos”.

“Não nego o papel do mercado. Mas reflitamos sobre o coronavírus. Eu ampliei em meu estado seis vezes o número de leitos públicos para atender gratuitamente a população durante esta pandemia. E o setor privado, ampliou quantos leitos?”, questionou.

Lembrou que durante muitos anos o SUS foi mostrado apenas em seus problemas, mas que durante a pandemia o sistema público de saúde mostrou a sua importância para a população e que mesmo aqueles que defendiam o setor privado na saúde não tiveram mais coragem de defender esta bandeira privatista diante da atual crise sanitária .

O papel dos bancos públicos

Flávio Dino também elogiou o papel dos bancos públicos. “A Caixa Econômica Federal, o Banco do Brasil e no caso de nossa região temos a alegria de poder contar com o Banco do Nordeste e o Banco da Amazônia. Essas instituições estiveram de portas abertas”, ressaltou.

Lembrou que recebeu um único ofício do presidente do Banco Central do governo Bolsonaro, Roberto Campos Neto durante toda a crise da pandemia.

“O ofício do BC não era para tratar de crédito, para oferecer ajuda às micro e pequenas empresas, para tratar de política social, mas apenas para dizer que eu não ousasse regular nada sobre bancos, porque quem trata do sistema financeiro é o Banco Central. Isso mostra que eles pensam na regulação para proteger os lucros privados e não o povo”, ressaltou.

Recuperação da economia

Dino se disse preocupado com a proposta do governo de acabar com o bolsa família para criar um “novo” programa social. “Isso pode ser um cavalo de Tróia. Queremos a perenização das políticas sociais, da renda mínima para a população. No tempo do governo Lula estes programas eram um complemento da geração de empregos. Temo que eles estejam pensando em criar uma nova política social para aniquilar o emprego com carteira assinada e achatar ainda mais a renda do trabalhador”, acrescentou, dizendo que se não fossem os programas sociais criados por Lula o Brasil estaria vivendo saques a supermercados e o caos.   

“Setores inteiros estão sendo devastados. Alimentação, serviços, turismo”, declarou, lembrando que na Alemanha, mesmo o governo liberal tem implementado políticas públicas para salvar a população da pandemia e a economia.  Defendeu ainda um “auxílio emergencial” também para as micros e pequenas empresas e políticas públicas para a indústria.  

“Aqui o neoliberalismo é tão preso a dualidade ‘Casa Grande e Senzala’ que eles só conseguem imaginar o caminho da exclusão”, completou, defendendo o enfrentamento do individualismo e do consumismo. Ao final, defendeu a união de uma frente popular e disse acreditar que o bolsonarismo será derrotado.

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