Quarta, 25 Julho 2018 21:54

Bancos lucram muito, mas se negam a garantir empregos na CCT

O Comando Nacional dos Bancários cobrou da Fenaban, na quarta rodada de negociação, nesta quarta-feira (25/7), em São Paulo, uma garantia para os empregos e a contratação de bancários com todos os direitos previstos na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), independentemente da remuneração ou escolaridade. E que os novos tipos de contratos previstos pelas regras trabalhistas impostas pelo governo Temer e pelo Congresso Nacional, após o golpe de 2016, como intermitente, temporário e terceirizado, só possam ser feitos mediante negociação com os sindicatos.
Os bancos reconheceram os dados apresentados pelo Comando, mostrando o crescimento do desemprego no país com as novas normas trabalhistas. Disseram não querer promover demissões ou troca de bancários por empregados precarizados. Mas falaram em “confiança” para em seguida se recusar a colocar isso na Convenção Coletiva.
Só de boca
Para a presidenta do Sindicato, Adriana Nalesso, não faz sentido os bancos se recusarem a fazer constar a garantia aos empregos e contratações segundo os direitos contidos na CCT se afirmam que não vão contratar de forma terceirizada, intermitente ou temporária. “O compromisso não pode ser de boca. Tem que constar por escrito no texto da Convenção”, afirmou.
Até porque, mesmo sendo o setor que mais lucra no país, continua demitindo em massa. Os cinco maiores bancos que atuam no país (Itaú, Bradesco, Santander, BB e Caixa) e compõem a mesa de negociação, empregam em torno de 90% da categoria. Em 2017 lucraram juntos R$ 77,4 bilhões, aumento de 33,5% em relação a 2016. Para Adriana, os números mostram que os bancos podem não apenas manter os atuais postos de trabalho, como contratar de forma não precarizada.
Nova rodada dia 1º
A próxima rodada será em 1º de agosto: cláusulas econômicas. Os bancos se comprometeram a apresentar uma proposta final nesta rodada. 

Principais reivindicações  e a resposta da Fenaban

CCT para todos -  O Comando cobra que a CCT valha para todos os bancários, independentemente da escolaridade ou faixa salarial. Inclusive os hipersuficientes (com salários acima de R$ 11.291,60 e nível superior), que representam cerca de 90 mil empregados de bancos públicos e privados, e correm risco de perder direitos da CCT e a PLR. Os bancos ficaram de analisar a reivindicação.
Banco de horas - Os sindicalistas não querem acordos individuais porque os bancários não têm como definir suas folgas, não podem negar o que é determinado pelas chefias. A lei pós-golpe libera esses acordos individuais e compensa em seis meses. O Comando disse não. Explicou que os bancos muitas vezes marcam a folga em cima da hora. E destacou que se precisa de um ano para compensar, é porque precisa de gente e tem de contratar. Uma nova proposta deve ser apresentada pela Fenaban.
Garantia no emprego - Os bancos negaram-se a garantir empregos e cláusula contra demissões em massa. Alegam que isso pode criar problema, travar a entrada e saída do mercado. O Comando lembrou que metade do setor tem trabalhadores estáveis e que isso nunca quebrou nenhuma empresa.
Garantia da gratificação de função - O Comando reivindica a não redução ou retirada do valor da gratificação/comissão em qualquer hipótese. Mas a Fenaban afirmou que isso promove injustiça. Para os dirigentes, injustiça é com quem perde a gratificação e esse quadro causa insegurança para todos.
Terceirização e outras formas de contratação - Diante da lei trabalhista do pós-golpe, que liberou a contratação de terceiros e de empregados por tempo parcial (intermitente ou autônomos), os dirigentes querem proibir a troca de bancários por trabalhadores precarizados. A Fenaban pediu um crédito de confiança e informou que os bancos não estão terceirizando nem têm planos de fazer isso, ou utilizar esse tipo de contratação, mas não aceitaram colocar isso na CCT. O Comando insistiu que se não será feito, deve constar na CCT.
Trabalho em home office - A Fenaban afirma querer avançar neste tema, permitindo um modelo híbrido que mescle uma parte do trabalho em casa e uma parte no banco. O Comando disse que a proposta deve levar em conta as condições de saúde e que não tenha custo do trabalho para o bancário.
Comissão sobre mudanças tecnológicas - Sobre a criação de uma comissão bipartite para debater, acompanhar e apresentar propostas em razão dos projetos de mudanças tecnológicas e os impactos no emprego, a Fenaban informou que entendeu a mensagem, mas que existe uma preocupação sobre o sigilo das empresas e irá refletir sobre o tema.
Agências digitais - Os trabalhadores reivindicam que os serviços em agências bancárias digitais sejam desempenhados exclusivamente por bancários, e respeitadas jornada e pausas para refeição e descanso. O Comando cobrou ainda o livre acesso dos dirigentes sindicais a essas unidades. A solicitação será analisada pela Fenaban.
Homologação - Deve ser realizada nos sindicatos. Os bancos ficaram de analisar se colocam na CCT, mas querem quitação total do contrato de trabalho após a homologação. Os sindicalistas explicaram que a homologação abrange muita gente e que a quitação total depende de cada bancário.

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