Quarta, 24 Janeiro 2018 00:00

Trabalhadores ocupam a Globo e fazem vigília contra julgamento político de Lula

Olhares da opinião pública do mundo inteiro estão sobre Porto Alegre. No Brasil, trabalhadores e membros de movimentos sociais realizam ato nas ruas e praças, numa verdadeira vigília em defesa do estado democrático de direito e da legalidade. No Rio, manifestantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra) e gente anônima do povo estão, desde a manhã de segunda-feira (22), na entrada da sede da Rede Globo, acusada de massificar uma campanha contra o ex-presidente Lula, cujo recurso que está sendo julgado nesta quarta-feira, 24, na capital gaúcha, em segunda instância, pela 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4). Cerca de 200 pessoas estão no local. Membros do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), do Levante Popular da Juventude e a União da Juventude Socialista (USJ) participam do protesto.

Parcialidade

O advogado de defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Cristiano Zanin, usou os 15 minutos de sua sustentação oral no julgamento para criticar o juiz de primeira instância Sergio Moro, reclamar do cerceamento da defesa e para pedir a nulidade do processo contra o petista. Acusou a força-tarefa da Lava-Jato de querer impor censura à defesa, ao meio acadêmico e ao povo.

Repercussão internacional

Segundo um artigo de Mark Weisbrotjan, do jornal norte-americano New York Times, “a democracia brasileira poderá ser corroída se o tribunal de apelação de três juízes impedir Lula, a figura mais popular do país, de competir nas eleições presidenciais de 2018 e ser preso”. Em seu texto, o jornalista critica a parcialidade do tribunal. “O juiz Sérgio Moro, demonstrou seu próprio partidarismo em numerosas ocasiões. Ele teve que pedir desculpas ao Supremo Tribunal Federal em 2016 por divulgar conversas telefônicas entre Lula e a presidente Dilma Rousseff, seu advogado e sua esposa e filhos”, explica.

Criticou também a espetacularização do judiciário. “Moro organizou um espetáculo para a imprensa em que a polícia apareceu na casa de Lula e levou-o para interrogatório, apesar do réu ter dito que iria voluntariamente para interrogatório”, acrescenta.

“A evidência contra Lula está muito abaixo dos padrões que seriam levados a sério, por exemplo, no sistema judicial dos Estados Unidos”, conclui.

Há críticas ao processo de acusação do juiz Sérgio Moro ao ex-presidente Lula entre juristas do mundo inteiro. Fica cada vez mais evidente que, na verdade, o que está em jogo não é um processo jurídico e um esforço do Ministério Público Federal e do judiciário para combater a corrupção, mas sim, um lance decisivo para impedir Lula, líder absoluto das preferência do eleitorado em todas as pesquisas de opinião, de ser candidato à presidência do Brasil. Grupos reacionários da elite brasileira não querem permitir o julgamento popular, através do voto, em relação ao que representou para o país, os dois governos Lula e o de Dilma Rousseff, este último abortado por um golpe.

Sem um candidato confiável e de consenso, parece não restar outra alternativa para as elites nas eleições de 2018. Ao impedir Lula de ser candidato, Moro e o Judiciário querem dar cheque-mate na democracia.

Apesar das adversidades, a capital gaúcha volta a ser a sede da legalidade, como em 1961, quando Brizola criou barricadas com a população para conseguir a posse de João Goulart, com a renúncia do presidente Jânio Quadros. Que a legalidade prevaleça.

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