Quarta, 01 Agosto 2018 22:11

Bancos frustram expectativas, não apresentam proposta e dizem que bancário ganha muito bem

Adriana Nalesso na negociação (D): “O que incomoda são as desigualdades impactantes entre o salário de executivo e o de um bancário” Adriana Nalesso na negociação (D): “O que incomoda são as desigualdades impactantes entre o salário de executivo e o de um bancário”

Na rodada da Campanha Nacional dos Bancários desta quarta-feira (1/8), em São Paulo, sobre remuneração, a Fenaban não apresentou uma proposta global, deixando de cumprir o que sinalizou na negociação anterior. Alegou dificuldades também para apresentar uma proposição ainda essa semana, se comprometendo a fazer isto numa nova rodada, marcada para terça-feira 7 de agosto.
Diante disto, o Comando Nacional dos Bancários decidiu convocar para o dia 8, quarta-feira, assembleias em todo o país para avaliar a proposta a ser encaminhada. A do Rio de Janeiro vai ser a partir das 18 horas, no auditório do Sindicato (Avenida Presidente Vargas, 502, 21º andar).
Chororô
Houve muita enrolação e chororô por parte dos bancos. Foram debatidas várias cláusulas da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) como reajuste salarial, 14º salário, piso da categoria, PCS, salário substituto e isonomia. Além de parcelamento do adiantamento de férias, gratificação semestral, auxílios refeição e alimentação, 13º nos auxílios, contratação da remuneração total, vale-cultura, PLR e auxílio-educação.
Segundo os bancos, esse não é o momento de discutir novas propostas e sim de procurar “manter o que tem”, sob a argumentação de problemas na parte tributária, que podem vir a impactar por exemplo nos tickets e também na PLR, e os criados pela reforma trabalhista.
Alegaram que os bancários já ganham acima da média de outras categorias, se somados aos salários os auxílios refeição e alimentação e a PLR. “A verdade é que o sistema financeiro deveria pagar salários bem maiores. Os números referentes aos lucros batendo recordes todos os anos, demonstram claramente isso. Agora, realmente o que incomoda são as desigualdades extremamente impactantes, por exemplo, quando se compara o salário de executivos com o dos bancários, como o de um caixa”, criticou Adriana Nalesso, presidenta do Sindicato, que participa das negociações com a Fenaban.
Lembrou que um executivo ganha 250 vezes o salário de um caixa. “Isso não pode ser considerado normal, gera desigualdades e concentra renda. São os trabalhadores da base da pirâmide os responsáveis pela produção dessa lucratividade. Merecem respeito e valorização. Os bancos devem isso aos bancários”, afirmou a dirigente.
Dinheiro de sobra
Na rodada desta quarta-feira (1/8), foram apresentados dados do setor demonstrando que os bancos podem, sim, atender às demandas da categoria. Fecharam 2017 com lucro de R$ 79,4 bilhões. No primeiro trimestre desse ano os cinco maiores lucraram R$ 20,6 bilhões, um aumento de 20,4% se comparado com o mesmo período do ano passado.
Os motivos para números tão grandiosos são o spread bancário altíssimo, a elevação das receitas com tarifas e prestação de serviços, redução das despesas, entre outras. Só com a prestação de serviços e tarifas faturaram, no primeiro trimestre deste ano, R$ 32,4 bilhões, um aumento de 6,9% em 12 meses. Na média, somente com essa receita os bancos cobriram toda despesa de pessoal em 140%.
Combate à discriminação
Além da pauta sobre remuneração, também foram debatidos temas relativos à promoção da igualdade de oportunidade para todos, identidade visualmente cultural, contratação de trabalhadores com deficiência e isonomia de tratamento para homoafetivos. Adriana lembrou que estes temas estão presentes na sociedade, sendo importante a categoria debatê-los, ainda mais neste momento de acirramento nas relações sociais. Citou como exemplo uma pesquisa recente feita pelo Ibope em que a maioria dos entrevistados apontou o machismo como o maior preconceito existente.
“Precisamos combater qualquer tipo de discriminação e criar oportunidades para que mulheres, negros, deficientes e os que têm identidade sexual diferenciada sejam respeitados. Propusemos fazer um censo na categoria para avaliar os números do setor e comparar com outras pesquisas. Percebemos que há muita discriminação e precisamos avançar nesse ponto”, afirmou. Os bancos ficaram de avaliar e responder já na próxima semana.

 

 

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