Quarta, 17 Janeiro 2018 00:00

Quatro vice-presidentes da Caixa, acusados de irregularidades, são afastados do cargo

Temer mantém demais diretores e o atual presidente a pedido do Banco Central, que é presidido pelo banqueiro do Itaú, Ilan Goldfajn

O presidente Michel Temer fez de tudo para manter nos cargos os vice-presidentes da Caixa Econômica Federal que foram denunciados por corrupção pelo Ministério Público Federal (MPF). Mas a pressão do mercado e da equipe econômica comandada pelo banqueiro e ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, foi maior. O governo aceitou o apelo do Banco Central para afastar apenas quatros diretores do banco, indicados pelo PMDB e partidos da base aliada no Congresso Nacional e acusados de irregularidades. Os diretores ficarão fora do cargo por pelo menos 15 dias para prestar esclarecimentos. O MPF queria o afastamento de todos os vice-presidentes e também do atual presidente, Gilberto Occhi.

O objetivo de Temer ao insistir em preservar os indicados na diretoria da empresa era garantir a aprovação da Reforma da Previdência, que deverá ser votada ainda no primeiro trimestre deste ano.

“O Temer faz qualquer coisa para retirar direitos do trabalhador e bajular empresários e banqueiros, que conseguiram aprovar a reforma trabalhista e agora pressionam o governo para mudar as regras da aposentadoria pela Previdência Social, tornando o acesso aos benefícios ainda mais difícil. Tudo para sobrar mais dinheiro para o grande capital”, critica o vice-presidente do Sindicato, Paulo Matileti.

Quem são os afastados

Foram afastados temporariamente, os vice-presidentes da Caixa, Antônio Carlos Ferreira, que já havia sido citado na delação de Joesley Batista, por ter pedido propina de R$6 milhões. Segundo denúncias, ele vinha sendo mantido no cargo sob a condição dada pelo ex-deputado Eduardo Cunha de fornecer listas de operações acima de R450 milhões para a ajudar a “rentabilizar” o mandato do ex-presidente da Câmara dos Deputados, preso e acusado de corrupção passiva e ativa, lavagem de dinheiro, prevaricação e obstrução de Justiça.

Deusdina dos Reis Pereira, cobrava um posto no Conselho de Administração da Companhia Energética de Minas Gerais e insinuava troca de interesses diante de um empréstimo da Caixa.

Roberto Derziê de Sant’anna é muito próximo ao ministro da Secretaria Geral da Presidência Moreira Franco, um dos homens mais influentes do atual governo, que teria feito pedidos ao diretor do banco informações sigilosas sobre operações financeiras. Derziê, que foi secretário executivo de Temer em 2015, recebeu ainda uma indicação de cargo solicitada por Temer.

José Henrique Marques da Cruz, segundo relatório interno da empresa, mantinha contatos com o ex-ministro Geddel Vieira Lima e Eduardo Cunha, ambos presos pela operação Lava-Jato. Os contatos eram para atender interesses sobre operações de várias empresas, como a J&F.

“O pior de tudo é o que está por trás da pressão e do discurso dos banqueiros Henrique Meirelles (Fazenda) e Ilan Goldfajn (presidente do Banco Central e homem forte do Itaú) de colocar ‘técnicos’ na direção da Caixa, está o projeto de colocar gente ligada inteiramente ao mercado, que querem privatizar as empresas públicas. Corruptos têm que ser retirados sim, mas substituídos por quem tem compromisso com os interesses do Brasil e o papel social dos bancos públicos”, conclui Matileti.

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