Quinta, 30 Novembro 2017 00:00

BANCÁRIOS NA LUTA - Defesa do emprego será uma das prioridades da campanha nacional 2018

Em 2017, bancos fecham quase 18 mil postos de trabalho e tendência é o número de cortes aumentar este ano por causa da reforma trabalhista

O ano de 2018 promete ser duro para os bancários, assim como para todas as demais categorias de trabalhadores. Em função da aprovação da reforma trabalhista pelo governo Temer, cujas novas regras de contratação estão valendo desde o dia 11 de novembro de 2017, o número de cortes no setor bancário deverá aumentar este ano.

De janeiro a novembro de 2017 o setor financeiro fechou 17.711 postos de trabalho, em todo o país. Os dados são da Pesquisa de Emprego Bancário (PEB), do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), divulgada na última terça-feira, dia 2. O saldo negativo é assustador em relação ao mesmo período do ano anterior: 53,7% superior ao resultado de 2016.

Aumentar os lucros

Do total de postos fechados, 15.101 eram de trabalhadores na faixa etária de 50 a 64 anos. Entre os novos admitidos (7.317 postos), a faixa de idade era de 18 a 24 anos.

“Como sempre ocorre, a rotatividade e o saldo negativo no emprego são frutos da estratégia dos bancos de reduzir custos, demitindo funcionários mais antigos, muitos deles próximos de se aposentar, que são os que possuem, em média, uma remuneração maior para contratar funcionários que vão receber, em sua maioria, o piso salarial da categoria”, explica o diretor Vinícius Assumpção.

Mulheres discriminadas

Outro aspecto lamentável na questão do emprego é em relação à discriminação de gênero no mercado de trabalho. As 11.412 mulheres admitidas nos bancos, de janeiro a novembro, receberam em média, R$3.460,78.

“O valor médio do salário das bancárias admitidas corresponde a 71,8% da remuneração dos homens, que são a maioria dos novos contratados, 11.763 no período. Entre os demitidos, a discriminação contra as mulheres permanece. É um absurdo que, em pelo século XXI, a gente ainda continue com estas anomalias sociais no Brasil, fruto do preconceito”, acrescenta Nalesso. A maioria dos empregados demitidos eram mulheres: 21.071. E elas recebiam, em média, R$6.525,09, o que representa 76,9% do que ganhavam os 19.815 homens dispensados.

Rio é o terceiro estado mais atingido por cortes

O Rio de Janeiro foi o terceiro estado que mais sofreu cortes: 1.969 postos a menos, perdendo apenas para São Paulo (5.186) e Paraná (2.965). Apenas a Paraíba apresentou saldo positivo, com 74 postos abertos.

O saldo negativo no período foi impactado pelos Planos de Aposentadoria Voluntários (PADVs) dos bancos, especialmente no Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Bradesco. Só a Caixa fechou 6.878 postos. Os chamados “bancos múltiplos com carteira comercial” (Itaú Unibanco, Bradesco, Santander e Banco do Brasil), apresentaram juntos, um saldo negativo de 10.541.

“Quem conhece os banqueiros sabe que eles fazem de tudo para reduzir custos e elevar ainda mais os lucros. O fechamento de agências com novas unidades digitais e as novas formas de contratação serão um ‘maná’ para os bancos demitirem mais trabalhadores. Mais do que nunca, a categoria terá de estar unida e mobilizada, participando e fortalecendo os sindicatos para protegermos o emprego com qualidade e os direitos conquistados”, afirma a presidenta do Sindicato do Rio, Adriana Nalesso.

Mídia