Terça, 02 Janeiro 2018 00:00

Empregados enfrentam desafio no ano novo: bônus é discriminatório e ameaça a PLR

Não deu nem tempo dos empregados da Caixa Econômica Federal comemorarem a virada do novo ano. Ainda nem descansaram das festas de final de ano, e os trabalhadores da empresa começam, no primeiro dia de 2018, enfrentando um grande desafio: as novas regras criadas pela direção da empresa para o bônus, que é discriminatória e representa uma ameaça à PLR. A Caixa reafirmou sua postura arbitrária ao definir novas regras para o pagamento do bônus. Diferentemente da PLR e da PLR Social, que remuneram todos os empregados, o novo programa, chamado de Bônus Caixa, discrimina boa parte dos trabalhadores que participa do resultado do banco.
“O pior de tudo é que, além de discriminar grande parte dos empregados, a direção da Caixa tomou esta decisão de forma unilateral, sem sequer ouvir a representação sindical dos bancários”, critica o vice-presidente do Sindicato do Rio, Paulo Matileti.
Programa excludente
O bônus abrange o período de 1º de janeiro a 31 de dezembro de 2017, e a apuração para efeito de pagamento ocorrerá após a divulgação oficial do resultado operacional de 2017. Mas só receberão a remuneração gerentes, superintendentes, coordenadores e supervisores. “Não somos contra que estes funcionários recebam o bônus. Mas o que não pode é empresa excluir os demais trabalhadores do banco, como por exemplo, os empregados que ocupam funções gratificadas: auxiliar de atendimento, assistente e caixa”, disse Matileti. Os sindicatos enviaram um ofício à direção da Caixa cobrando a suspensão do programa em 1º de dezembro, mas até agora não obteve resposta. Os trabalhadores reivindicam uma negociação para que o programa valorize todos os trabalhadores, sem discriminação.
“Claro que este programa não vai dar certo. Vai elevar a pressão e o assédio moral por parte de chefias que vão receber a remuneração do bônus e os demais empregados, que não serão beneficiados, não terão nenhuma motivação para vender produtos. Se todos trabalham pelos resultados, todos devem receber o fruto deste esforço coletivo. É preciso criar um ambiente de trabalho de união e bem-estar e não de mais pressão e adoecimentos ”, acrescenta o sindicalista.
Além da venda de produtos, o Bônus Caixa leva em conta aspectos da rotina de trabalho, como por exemplo, economia de horas extras nas agências. Essa é uma das razões da Caixa estar sendo denunciada no Ministério do Trabalho por registro irregular, pois essa prática pressiona os empregados a continuarem suas atividades profissionais sem registrar no ponto, o período a mais trabalhado.
Conquistas ameaçadas
Ao contrário do Bônus Caixa, a PLR contempla todos os empregados. Resultado de mobilização dos trabalhadores ao lado do movimento sindical, a PLR passou a ser paga pela Caixa em 2004, seguindo a regra dos demais bancos. Além disso, o banco público distribui, desde 2011, 4% do lucro líquido entre todos os empregados. Fruto da Campanha Nacional de 2010, a chamada PLR Social leva em conta funções sociais do banco como o atendimento à população.
Antes dessas conquistas, a Caixa pagava apenas a PRX, que era atrelada a metas. Praticamente só os gestores recebiam a antiga remuneração. Para os sindicalistas, a direção da Caixa ameaça a PLR e mostra querer extinguir a PLR Social na mesa de negociação, o que não aconteceu ainda graças à pressão feita pela categoria. “Além de discriminar, há uma tendência na empresa de querer dividir os empregados, desvalorizando a maioria dos trabalhadores”, conclui Matileti.
PLR menor
Os sindicatos estão de olho nas movimentações e decisões da direção da Caixa, de desvalorização da PLR. O valor da segunda parcela, paga em março deste ano, foi bem menor do que os trabalhadores esperavam. O Sindicato Continua cobrando a valorização de todos os funcionários, utilizando como base para o pagamento da PLR, o lucro líquido recorrente, como determina o Acordo Coletivo vigente. Porém a direção da Caixa recusou, o que foi um dos motivos para a mobilização, junto com outras pautas, da paralisação dos bancários da Caixa na Greve Geral no dia 28 de abril de 2017

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