Domingo, 26 Agosto 2018 19:56

Mesmo em uma conjuntura adversa, conquistamos um acordo positivo

Desde a aprovação da reforma Trabalhista já sabíamos que era um dos maiores golpes nos diretos dos trabalhadores. A ultratividade, que prevê a durabilidade do acordo até o fechamento de nova negociação foi extinta. Esse foi um dos motivos de anteciparmos a nossa Campanha Nacional, já que a Convenção Coletiva da categoria tem validade até o próximo dia 31.
Com o quadro que está desenhado, o processo de negociação se tornou mais intenso, complexo, disputado e importante em virtude do artigo da reforma Trabalhista que prevê o negociado sobre o legislado. Isso pode ser uma festa para os banqueiros, que mais do que nunca estão com a faca e o queijo nas mãos. Essa ação, além de afastar a categoria do Sindicato, cria possibilidades de acordos individuais, enfraquecendo o coletivo. A categoria precisa e deve se unir e mobilizar ainda mais para esse enfrentamento.
Proposta insuficiente foi apresentada e rapidamente recusada na mesa pelo Comando Nacional dos Bancários. Algumas pessoas da categoria defenderam que decretemos logo uma greve nacional. Ficar sem acordo definitivamente não é o nosso objetivo. Na décima rodada de negociação, que terminou na madrugada do último sábado, conseguimos arrancar dos bancos uma proposta de acordo com aumento real e manutenção de todas as cláusulas da Convenção Coletiva de Trabalho, garantindo a unidade nacional da categoria
O Comando Nacional tomou todos os cuidados para esgotar as possibilidades. Não é fácil, o processo é exaustivo tanto físico como psicologicamente. Estamos negociando com o setor financeiro, o que mais lucra no país, independentemente de crise e de governos. Os banqueiros só pensam em números, não vêm pessoas que somos. A crueldade e a ganância chegaram ao ponto de eles proporem a diminuição da PLR para os funcionários afastados por licença saúde, inclusive para as mulheres em licença maternidade. Momentos da vida que a trabalhadora e o trabalhador precisam ainda mais de apoio.
Esse momento que estamos vivendo é fruto de um golpe na democracia. O Governo Temer tem o objetivo de entregar o país para o setor financeiro com trabalhadores sem nenhum direito, o que facilita o trabalho precarizado, e as terceirizações, por exemplo. Por absoluta falta de vontade política de gerir os bancos públicos em favor da sociedade eles tentam convencer que a melhor medida é a privatização. Isso significa vender o nosso patrimônio, desamparar as pessoas mais pobres que dependem de políticas sociais e ainda uma enxurrada de desemprego.
Para o governo interessa o ajuizamento de dissídio. Em algumas regiões, os dissídios coletivos subiram mais de 300% somente no primeiro trimestre desse ano. A grande maioria não recebeu nada além da inflação como reposição. Os Correios são um exemplo disso. A categoria ganhou apenas o direito a reposição da inflação, mas a justiça ficou omissa quanto a permanência do plano de saúde no acordo. Decisão da justiça, que definitivamente também não está ao lado do trabalhador.
Agora é a hora da categoria junto com o Sindicato decidir os rumos do movimento na assembleia do próximo dia 29. É preciso refletir sobre o nosso momento de retiradas de direitos e enfraquecimento do trabalhador. Mesmo nessa conjuntura adversa os bancários conseguiram um acordo positivo, com ganhos. O nosso futuro está em jogo. A decisão é nossa.

Adriana Nalesso – Presidenta do Sindicato dos Bancários do Rio

 

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