Quarta, 29 Agosto 2018 23:18

Campanha salarial 2018 é para ficar na história

Adriana Nalesso parabenizou a presença massiva da categoria na assembleia, que aprovou as propostas da Fenaban, do BB e da Caixa Adriana Nalesso parabenizou a presença massiva da categoria na assembleia, que aprovou as propostas da Fenaban, do BB e da Caixa

Na conjuntura mais difícil da história desde o regime militar, os bancários conseguiram arrancar, com unidade, dignidade e mobilização, um acordo que preserva os direitos trabalhistas e todas as conquistas da Convenção Coletiva de Trabalho, que este ano comemora seus 27 anos de existência, motivo de orgulho para os bancários. Ninguém ficou de fora do acordo, nem mesmo àqueles que ganham mais do que dois tetos do INSS (R$11.291,60), os chamados hipersuficientes. As novas regras trabalhistas permitiam para estes trabalhadores, um acordo individual e direto com o empregador, um risco real de perda de todos direitos.   
“O governo Temer destruiu a CLT e os bancos queriam impor a extinção de vários direitos, como o não pagamento da PLR integral para as bancárias grávidas em licença-maternidade e os licenciados e o desconto do vale-transporte que os bancos queriam elevar de 4% para 6%, conforme a lei, entre outras conquistas fundamentais”, disse a presidenta do Sindicato, Adriana Nalesso.
Ganho real acima da média
A sindicalista lembra que o governo e a direção dos bancos públicos acusaram os bancários de estar realizando uma “contra-reforma”, em referência ao fato de a categoria defender e aprovar um acordo com direitos acima do que prevê a legislação trabalhista. Lembrou ainda que categorias de estatais importantes, como petroleiros e funcionários da Eletrobras, tiveram apenas a reposição da inflação, como a maioria dos brasileiros. Dentre os que conquistaram aumento real, os bancários tiveram um índice (1,18%) acima de 78% dos acordos firmados em 2018, cuja média foi de ganho real de apenas 0,97% 
O reajuste total chega a 5% e vale para todas verbas. Para 2019, o ganho real será de 1%. “Nosso acordo é superior ao que prevê a legislação e nosso índice de aumento real é superior ao da maioria dos acordos firmados deste ano”, disse Adriana, durante sua defesa das propostas, na assembleia.  

Decisão da assembleia espanta risco de dissídio no TST

O Vice-presidente da Contraf-CUT, Vinícius Assumpção, lembrou que a aprovação das propostas impediu o risco de a decisão sair das mãos dos bancários e o dissídio coletivo ser decidido pelo TST (Tribunal Superior do Trabalho), após a maior greve da história.
 “Nós sabemos o que representa ir para o TST. Em 2004 eu presidia o Sindicato, a categoria pagou um preço alto por causa de uma decisão na Justiça”, lembrou. Na época, a reivindicação da categoria era de 25% de reajuste (6,22% da inflação mais 17,8% de aumento real). Como o dissídio parou nas mãos da Justiça trabalhista, os bancários foram obrigados a aceitar um acordo rebaixado: apenas 8,5% de aumento salarial mais abono que variou de R$30 para R$1.500. 
A direção do Sindicato alertara à categoria dos riscos do TST e no Jornal Bancário do dia 10 de outubro de 2004, uma matéria de duas páginas, trazia o título: Histórico de julgamento no TST é prejudicial à categoria”. Mas a não aprovação do acordo com os bancos, naquele momento, representou um acordo final rebaixado para a categoria. 
“Este ano, diante da conjuntura adversa, não aprovar as propostas e correr o risco de cair nas mãos das Justiças, com as novas regras trabalhistas aprovadas por Temer, poderíamos ter perdas sem precedentes na história”, conclui Vinícius.

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