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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
A coincidência deixa margem para um escancarado toma lá dá cá. Na mesma semana em que o presidente Michel Temer (MDB) liberou aumento salarial de 16,38% para o Judiciário e Ministério Público, o Supremo Tribunal Federal (STF) aprovou por 7 a 4, a terceirização irrestrita, um dos pilares da política do atual governo de retirada de direitos. A nova regra trabalhista torna o trabalho ainda mais precário e permite aos patrões contratar empregados com salários muito inferiores, e sem os direitos das convenções coletivas de trabalho e da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho).
Cortes só para o povo
O aumentão concedido aos magistrados vai na contramão da política de “cortes de gastos” do próprio governo. Fica claro que o sacrifício, como sempre, só vale mesmo para arrochar trabalhadores, inclusive servidores públicos.
Rombo de R$1 bilhão
Para tentar reduzir o impacto negativo junto à opinião pública, os ministros da suprema corte prometem enviar ao parlamento uma proposta que acaba com o auxílio-moradia. Mas mesmo abrindo m]ao deste privilégio, o pacotão, que beneficia diretamente os ministros da mais alta corte, deixa para o país um rombo de cerca de R$350 milhões por ano, que em apenas três anos, chega a R$1 bilhão.
Acuado por denúncias de corrupção, Temer, que cortou verbas para educação e saúde por 20 anos, não poupa recursos para bajular os ministros do STF.
A tabelinha entre governo, o Judiciário e, de quebra, o Ministério Público, mostra que a crise moral no Brasil não está apenas no Executivo e no Legislativo. O Judiciário brasileiro e os MPs, que pousam de baluartes da moralidade e estão marcados nos últimos tempos pelo ativismo político e pirotecnia midiática, firmam acordos imorais em causa própria, diante de um povo, humilhado pela crise econômica. Perplexo e indignado com a vergonhosa relação promíscua entre os poderes.