Segunda, 10 Setembro 2018 20:23

Diretoria do BNDES ameaça retirar direitos

A presidenta do Sindicato, Adriana Nalesso, fala durante a negociação do dia 6 último A presidenta do Sindicato, Adriana Nalesso, fala durante a negociação do dia 6 último

Já se passaram duas rodadas de negociação desta campanha salarial. Nelas, o BNDES não respondeu às principais reivindicações: aumento real, seguindo o aprovado na Convenção Coletiva de Trabalho dos Bancários (CCT), assinada com a Fenaban; nenhum direito a menos, com a manutenção de todas as cláusulas do atual acordo específico; e inclusão de novas cláusulas, aprovadas em assembleia como parte da minuta de reivindicações.
Em vez disso, o banco apresentou proposta que retira direitos do funcionalismo. Pretende, por exemplo, alterar a cláusula que estabelece proteção contra despedidas arbitrárias, ou sem justa causa. O objetivo é claro: facilitar dispensas. Pela proposta, a cláusula passaria a prever que se em algum momento o banco apresentar resultado negativo, a direção teria caminho aberto para efetuar a redução da folha de pagamentos, via demissões.
Outra investida é sobre a licença paternidade. A cláusula tem o mesmo texto da lei: 20 dis para prestar assistência ao bebê e à mãe, sem prejuízo salarial e demais vantagens, mas a direção quer retirar toda a cláusula do acordo, sob o argumento de que o texto é igual à lei. Se é igual à lei, qual o problema de manter no ACT?
Licença por inaptidão temporária
Quando o empregado recebe alta de licença médica, passa por uma perícia médica do BNDES. Muitas vezes é considerado inapto. Nestes casos, pelo acordo atual, continua a receber salários e demais direitos, por até um ano após o término da licença. A diretoria do banco ameaça transformar esta cláusula em norma interna.
Por último, o banco pretende alterar a cláusula do vale-transporte. Hoje, a estatal arca com 100% do valor gasto por aqueles que não têm direito ao uso da garagem. Propõe reduzir o direito passando a seguir a cláusula da Fenaban, que determina desconto de 4% do salário-base. A lei fala em 6%.

Sindicato e AFBNDES: imposições são inaceitáveis

O Sindicato e a Associação dos Funcionários do BNDES (AFBNDES) exigem a manutenção de todos os direitos conquistados há décadas pelos empregados do Sistema BNDES. Nenhum dos bancos retirou direitos, nem públicos, nem privados. Por que o BNDES faria isso?
A presidenta do Sindicato, Adriana Naleso, acusou a diretoria do banco de estar na contramão de todo o sistema financeiro. “A categoria bancária – bancos públicos e privados – manteve todos os direitos e conquistas, além de garantir um reajuste integral, mais aumento real, por dois anos. Não há motivos, portanto, que justifiquem este posicionamento duro por parte da direção do BNDES. Os empregados vão dar a resposta”, afirmou. 
O vice-presidente da Contraf-CUT, Vinícius de Assumpção, avisou que se o BNDES insistir na retirada de direitos, será convocada uma assembleia para debater futuros encaminhamentos que podem desaguar em fortes mobilizações, não estando descartada a possibilidade de decretação de uma greve. 
Para o presidente da AFBNDES, Thiago Metidieri, a negociação começa a ficar preocupante, com a ameaça de retirada de conquistas históricas do acordo coletivo de trabalho específico, como a cláusula de proteção contra despedida arbitrária ou sem justa causa. “Num momento extremamente delicado para o país, a categoria bancária não teve perda de direitos. E é claro que não vamos aceitar que isso ocorra no BNDES. O que tinha tudo para ser uma negociação tranquila, parece estar se tornando um pesadelo”, avaliou.

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