Segunda, 12 Novembro 2018 19:25

Emprego e direitos: queremos os dois

Redução da taxa de desemprego esconde aumento da informalidade e do subemprego. Em março deste ano,  em Bangu, Zona Oeste do Rio, trabalhadores chegaram a ficar 23 horas na fila de um feirão de emprego Redução da taxa de desemprego esconde aumento da informalidade e do subemprego. Em março deste ano, em Bangu, Zona Oeste do Rio, trabalhadores chegaram a ficar 23 horas na fila de um feirão de emprego

Ataques à CLT não geraram empregos, não retomaram o crescimento e fizeram explodir a informalidade.Tese do novo governo de que trabalhador terá de escolher entre emprego ou direitos aprofunda a receita fracassada

Sancionada pelo presidente Michel Temer (MDB), a Reforma Trabalhista entrou em vigor em novembro de 2017 e foi criada com a promessa do governo de que a mudança na legislação era necessária para gerar mais empregos e retomar o crescimento da economia. Após mais de um ano de sua vigência, a promessa não se cumpriu.
O presidente eleito, Jair Bolsonaro, confirmou a tese de seu futuro governo, anunciada na campanha eleitoral: “o trabalhador terá de escolher entre ter emprego ou direitos”. O projeto inclui uma nova carteira de trabalho, sem direitos da CLT.
Previsão para baixo
O FMI (Fundo Monetário Internacional) reduziu sua previsão de crescimento do PIB brasileiro para 2018 e 2019: Este ano, a expectativa em relação ao Produto Interno Bruto passou a ser de crescimento de 1,4%, queda de 0,4% em relação ao relatório feito em julho. Já para o ano que vem, a expectativa caiu 0,1%, chegando a 2,4%.
Subemprego e informalidade
A queda da taxa de desemprego caiu para 11,9% no terceiro semestre, segundo o IBGE, mas a causa não é a maior geração de empregos formais. Ao contrário. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, a sexta queda seguida nos números de desempregos se deve a dois fatores: o crescimento do mercado informal, ou seja, mais pessoas estão tendo que trabalhar por conta própria e também porque cresce o número de desalentados, que são os trabalhadores que desistiram de procurar emprego, estes últimos, somam mais de 4,8 milhões de pessoas. A taxa de subutilização (desocupados, subocupados e força de trabalho em potencial) aumentou no mesmo período, de 23,8% para 24,2%. A pesquisa do IBGE comprova que a queda da taxa de desemprego no Brasil se deve a um aumento na população que trabalha por conta própria, sem carteira assinada ou estão subocupada. Os dados mostram que o número de trabalhadores por conta própria cresceu 1,9% (432 mil pessoas) em relação ao segundo semestre de 2018, registrando 23,5 milhões de pessoas nessa situação. Já os que estão empregados informalmente, ou seja, sem carteira assinada, são 11,5 milhões, ou seja, 4,7%, um total de 522 mil pessoas a mais do que no trimestre anterior.
Os subocupados, que trabalham menos horas do que empregados de trabalhos formais, são 6,9 milhões, um aumento de 5,4% (351 mil pessoas) quando comparado ao segundo trimestre.
O número de pessoas subtilizadas, ou seja, a soma do percentual de desocupados e subocupados chega a 27,3 milhões de brasileiros. A promessa do governo Temer de que a Reforma Trabalhista era necessária, é, na verdade, uma falácia.

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