Proposta de desmonte da escola pública e ensino à distância para crianças é inviável para pais que trabalham fora e não têm com quem deixar os filhos

O deputado e candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro ( PSL) defende o uso da educação a distância desde o ensino fundamental. Ele argumentou que esse tipo de metodologia pode ajudar a combater o “marxismo” nas escolas. Para Bolsonaro, o aluno poderia ir às escolas apenas para fazer provas e aulas práticas, a depender da disciplina.
“Conversei muito sobre ensino a distância. Me disseram que ajuda a combater o marxismo. Você pode fazer ensino a distância, você ajuda a baratear custos”, disse em entrevista à imprensa. Para o militar da reserva, o ensino a distância pode ser para os níveis fundamental, médio e universitário. Bolsonaro disse ainda que “tem muito pai que prefere” alfabetizar seu filho em casa.
Críticas de educadores
A proposta é duramente criticada por educadores. As escolas à distância estão sempre entre as piores no ranking do MEC. Para os especialistas é inviável uma criança de família pobre estudar apenas por meio digital, já que a maioria dos pais, não têm condições de ajudar seus filhos a fazer os deveres e muito menos tirar as dúvidas das aulas. Para Claudia Costin, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), “ensino a distância pode ser usado de maneira complementar no ensino médio, como ocorre em regiões de difícil acesso, como na Amazônia, mas nunca no ensino infantil e fundamental, quando são desenvolvidas competências psicossociais das crianças, como capacidade de lidar com frustrações, desenvolver empatia e conviver com o diferente.”
“Na época em que Darcy Ribeiro criou os CIEPs, um dos fatores fundamentais para justificar a escola em horário integral, como ocorre nos países mais desenvolvidos, era porque o dever de casa era feito na escola, na parte da tarde, com uma professora ajudando as crianças. Eu jamais aceitaria um filho ou neto de 7 ou 8 anos estudando a distância. Isso é um absurdo”, afirma a diretora da Secretaria de Imprensa do Sindicato, Vera Luíza Xavier.
Outra proposta do candidato do PSL que tem recebido críticas, é a cobrança de mensalidades em Universidades Públicas.