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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Os funcionários do Banco do Brasil têm até esta sexta-feira (5/10) para votar NÃO, rejeitando a proposta da empresa de alteração do estatuto da Cassi. As mudanças são um golpe que o BB quer impor à toque de caixa, às vésperas da eleição presidencial, que em nada garantem a sustentabilidade do plano.
A Contraf-CUT, os sindicatos e a esmagadora maioria das entidades de ativos e aposentados do BB defendem o voto NÃO e alertam para os riscos que estão por trás das alterações. O banco alega que tem que se adequar às regras da CGPAR, mas não informa que tem 48 meses para fazer isto, como ficou provado pela Caixa Econômica Federal que deixou o assunto para ser debatido em 2021. Nada impede que as resoluções da CGPAR sejam revistas, dependendo do presidente eleito. Por isto, a pressa do banco.
O BB mente, também, ao afirmar, fazendo terrorismo, que se sua proposta não for aprovada a Cassi vai sofrer intervenção da ANS. Não explica que se isto acontecer os direitos dos participantes serão preservados. Por outro lado, a vitória do NÃO abrirá espaço para que as entidades exijam que o banco aceite reabrir a mesa de negociação, discutindo com os verdadeiros donos uma saída para a Caixa de Assistência.
Mau negócio
Pela proposta a conta fica só para os funcionários. Entre as várias mudanças, aumenta a contribuição dos associados para 4%, definitivamente, e a cobrança passa a ser por dependente, enquanto o banco ficaria só com 4,5% já pagos hoje. E não vai haver contrapartida para os dependentes dos aposentados. Além disto, os novos funcionários não terão direito ao plano atual da Cassi. Será criado um inferior transformando o atual num plano fechado, que em breve se tornará muito caro, pelo aumento da faixa etária.
O banco quer impor, ainda, alterações no modelo de gestão. Entre outras, garantir que na diretoria executiva o presidente da Cassi passe a ter como prerrogativa desempatar votações usando o “voto monocrático”. De uma só tacada acabaria com a paridade na administração da operadora, deixando todas as decisões nas mãos do BB. Acabaria, assim, com a autogestão.
Por isto a pressão
Como as propostas trazem inúmeros prejuízos aos participantes está havendo por parte do banco um enorme assédio sobre funcionários da ativa e aposentados. Como parte deste processo, estão sendo feitas reuniões sistemáticas dos gestores nas agências, disparadas de mensagens diárias por e-mails e por SMS e terminais de autoatendimento simulando valores.
proposta dos trabalhadores
A proposta para a sustentabilidade da Cassi foi entregue pela Contraf-CUT na mesa de negociação e ignorada pelo banco. Ela visa: 1) garantir a manutenção de direitos e a cobertura para funcionários da ativa, aposentados e dependentes. 2) Preserva o princípio da solidariedade, segundo o qual os associados contribuem de forma proporcional ao salário independentemente da idade ou condição de saúde. 3) Defende a manutenção da Cassi, sendo gerida de forma paritária, entre outros pontos.
Quanto à questão financeira, o documento propõe: 1) uma receita operacional nova de R$ 862,5 milhões/ano, representando R$ 4,3 bilhões entre 2019 e 2023, para reequilibrar liquidez e margem de solvência, fazer os investimentos necessários e ampliar o modelo assistencial.
2) Essa verba viria de um aditivo ao Memorando de Entendimentos, definindo 1,5% temporário para o corpo social, que corresponderia a R$ 345 milhões para os associados ao ano, ou seja, R$ 1,725 bilhão de 2019 a 2023; e 1,5 vezes esse valor a ser pago pelo banco, representando R$ 517 milhões ao ano, o que dá R$ 2,587 bilhões no mesmo período. 3) Essa alteração sustenta a mesma metodologia contábil e legal que o banco construiu em 2016, inclusive dentro dos parâmetros da CVM 695, e deixa de lado a CGPAR 23, que o banco quer impor aos associados; e 4) Para garantir a sustentabilidade financeira do plano de saúde, também é necessária a expansão da Estratégia Saúde da Família (ESF) com foco na atenção básica, prevenção de doenças e acompanhamento de doentes crônicos.