Quinta, 11 Dezembro 2025 17:46

Pressão da mobilização popular faz Centrão e extrema-direita recuarem da cassação de Glauber Braga

Deputados de esquerda comemoram a derrota da cassação de Glauber. Foto: Agência Brasil. Deputados de esquerda comemoram a derrota da cassação de Glauber. Foto: Agência Brasil.

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Imprensa SeebRio

A campanha nacional “Glauber Fica”, que se ampliou nas ruas e nas redes sociais, associada à campanha “Congresso Inimigo do Povo” e “Fora Hugo Motta”, fez com que o Centrão e a extrema-direita bolsonarista, recuassem da cassação do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ). Nesta quarta-feira, o plenário da Câmara dos Deputados aprovou uma emenda fixando uma pena inferior ao que desejavam Arthur Lira (PP-AL) e Hugo Motta (Republicanos-PB), aprovando, por 318 votos a 141 e três abstenções, a suspensão por seis meses do mandato do parlamentar psolista.

Antes da aprovação da suspensão, houve outra votação que mostrou a mudança da tendência dos deputados: foram 226 votos para mudar a punição contra 220 contrários, que queriam manter a cassação. Isso foi na contramão da expectativa porque Glauber nunca teve, obviamente, apoio da direita e da extrema-direita

Glauber foi acusado de ter retirado à força da Câmara dos Deputados, um militante do Movimento Brasil Livre (MBL) que o provocou de forma sistemática, chegando a proferir ofensas à mãe do parlamentar, que sofria de Alzheimer e faleceu uma semana após o episódio. Numa entrevista coletiva logo após a aprovação da punição, Glauber creditou a reversão da cassação às mobilizações populares que se via em todo o país.

“Sei que não há motivo para a minha punição. Mas, considerando que a nossa avaliação era a de que o mandato seria cassado, pois havia interesse em calar a voz de quem sempre denunciou Arthur Lira e o Orçamento Secreto, considero a suspensão uma vitória que só foi conquistada graças às mobilizações dos movimentos sociais em todo o país e nas redes sociais”, avaliou.

O deputado ainda acrescentou: “Vou continuar militando, vou continuar fazendo política, vou me reunir com as pessoas que compõem o mandato e com as forças políticas que dão sustentação ao mandato para definir os próximos passos. Agora quero ter, minimamente, mais tempo também para cuidar do meu filho, para estar com ele, para levar mais à escola, para acompanhar tudo que está acontecendo com a vida dele, mas vou continuar militando, fazendo política, organizando as atividades, não vai ter como parar de jeito nenhum”, afirmou.

Glauber apontou os grandes derrotados. “Os grandes derrotados nessa história são dois. O Hugo Motta e o Arthur Lira. Porque o plano traçado por eles não era esse. O plano traçado por eles era cassar a Zambelli na Comissão de Constituição e Justiça e também no plenário. Por quê? Porque ela já estava cassada. Ela já está inelegível por um período de oito anos e ela está presa na Itália. Agora, a justificativa de uma eventual cassação da Carla Zambelli, que não tem nenhum efeito prático de maneira mais robusta, pelo menos no que diz respeito ao desdobramento da sua atuação política, justificaria também ele me cassar, essa era a intenção, e, combinado com isso, a anistia voltada na prévia em relação aos golpistas e a manutenção da elegibilidade do Eduardo Bolsonaro. Esse era o plano. Só que o plano deu errado”, afirmou.

O maior confronto entre Lira, seu sucessor Hugo Motta e Glauber, aconteceu na terça-feira (9/12), quando o atual presidente da Câmara dos Deputados mandou a Polícia Legislativa Federal (PLF) arrancar Glauber à força da Presidência da Casa. Glauber fazia um protesto pacífico contra a votação, que aconteceria na madrugada de quarta-feira (10/12), do projeto de lei que reduz a pena de Jair Bolsonaro e seus parceiros, no comando do golpe de Estado, em 8 de janeiro de 2023, fixada em julgamento pelo Supremo Tribunal Federal.

Hugo Motta foi além da sua competência institucional, e, não satisfeito em mandar agredir o parlamentar, determinou a retirada forçada dos jornalistas que cobrem o Parlamento e cortou o sinal de transmissão da TV Câmara. O objetivo era esconder as agressões a Glauber e outros seis parlamentares.

Mas o que Motta conseguiu com estas iniciativas, só vistas na ditadura militar, foi ampliar as mobilizações e o descontentamento popular. A pressão da convocação de novos atos “Fica Glauber”, “Fora Hugo Motta” e “Congresso Inimigo do Povo”, fez com que os votos na Câmara não fossem suficientes para aprovar a cassação, o que fez o Centrão e a extrema-direita recuarem para aprovar a suspensão.

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