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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
O presidente do Sindicato, José Ferreira, sobre a decisão do Copom: "A questão central é se devemos frear a atividade econômica ou alterar a política do Copom". Foto: Banco Central.
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Imprensa SeebRio
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira 10, pela quarta vez seguida, manter a taxa básica de juros em 15% ao ano. A Selic permanece em seu nível mais alto desde julho de 2006, no primeiro mandato do presidente Lula (PT), e é a segunda maior taxa real de juros no mundo, segundo um monitoramento das consultorias MoneYou e Lev Intelligence.
Ao manter ou aumentar a Selic, o Copom do BC impede o crescimento da economia, a distribuição de renda e a melhora da qualidade de vida da população. Os bancos e outros grandes especuladores do mercado financeiro, grandes detentores da dívida pública, são os únicos que ganham com a taxa nas alturas. O crescimento da dívida pública, impede, ainda, investimentos públicos para a melhoria dos serviços prestados à população, como o Sistema Único de Saúde (SUS).
Inflação sob controle – Essa taxa foi mantida apesar da inflação estar sob controle. Em novembro foi de 0,18%. Anualizado o índice caiu de 4,68% para 4,46%, ficando dentro da meta. Para o Copom, os indicadores de atividade econômica apresentam “moderação no crescimento”, apesar do “dinamismo” do mercado de trabalho, e a inflação permanece acima da meta.
José Ferreira, presidente do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, ressalta que ler esse pequeno trecho da avaliação nos remete a uma máxima em que se é bom para o trabalhador e para a economia não parece bom para o Copom.
“Analisando a inflação do período entre 2020 e 2025 vemos que exceto 2021 (no governo Bolsonaro) a inflação deu um salto. E é importante frisar que foi o ano da pandemia. Porém, o governo Lula tem conseguido manter a inflação em patamares mais baixos mesmo com o aquecimento da economia com o aumento da atividade econômica acompanhado por uma queda no desemprego e num incremento dos salários, o que contradiz o pensamento hegemônico do Copom”, avaliou.
Em comunicado oficial, o Copom alega a manutenção da Selic em 15% pela ‘incerteza do ambiente externo’, “em função da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos”. O que, segundo o Comitê, exige cautela “por parte de países emergentes em ambiente marcado por tensão geopolítica”.
Também é citado o cenário doméstico. “As expectativas de inflação para 2025 e 2026 apuradas pela pesquisa Focus (consulta feita ao mercado financeiro) permanecem em valores acima da meta, situando-se em 4,8% e 4,3%, respectivamente. A projeção de inflação do Copom para o primeiro trimestre de 2027, atual horizonte relevante de política monetária, situa-se em 3,4% no cenário de referência”, diz a nota do Copom.
O colegiado também afirmou que a estratégia em curso, de manutenção do atual nível da taxa Selic por um período “bastante prolongado”, é adequada para “assegurar a convergência da inflação à meta”. O que significa que, ao menos até março, a Selic não vai baixar.
Ferreira, lembra que a questão central é se devemos frear a atividade econômica ou alterar a política do Copom para assim rever os limites de inflação e baixar os juros, o que reforçaria o orçamento público e retiraria parte dos lucros daqueles que vivem da renda dos títulos públicos. “O Banco Central tem escolhido ser aliado dos rentistas e adversário do trabalho e da atividade econômica e para mudar isso é preciso mobilizar a sociedade, para inclusive mudar essa lógica”, afirmou.
O Copom volta a se reunir em 27 e 28 de janeiro, no primeiro encontro de 2026.
Resultados de todos os encontros do Copom desde o ano passado:
Janeiro de 2024: de 11,75% para 11,25%;
Março: de 11,25% para 10,75%;
Maio: de 10,75% para 10,50%;
Junho: manutenção em 10,50%;
Julho: manutenção em 10,50%;
Setembro: de 10,50% para 10,75%;
Novembro: de 10,75% para 11,25%;
Dezembro: de 11,25% para 12,25%;
Janeiro de 2025: de 12,25% para 13,25%
Março: de 13,25% para 14,25%;
Maio: de 14,25% para 14,75%;
Junho: de 14,75% para 15%;
Julho: manutenção em 15%;
Setembro: manutenção em 15%; e
Novembro: manutenção em 15%