Quinta, 17 Mai 2018 16:35

1968, o ano que não terminou

A passeata dos cem mil, no Rio de Janeiro, foi o ponto alto da luta por liberdades democráticas no ano de 1968 A passeata dos cem mil, no Rio de Janeiro, foi o ponto alto da luta por liberdades democráticas no ano de 1968

Marcado por diversos acontecimentos históricos pelo mundo inteiro. No Brasil, a ditadura foi responsável pela falta de democracia e forte repressão

O ano de 1968 ficou famoso pela grande quantidade de fatos históricos que marcaram o mundo, refletindo até os dias atuais, e, por isso é considerado “o ano que não terminou”. Entre os principais acontecimentos que impactaram a população mundial podem ser citados o assassinato do pastor Martin Luther King (EUA), o recrudescimento da ditadura militar no Brasil e o movimento dos estudantes e trabalhadores no episódio que ficou conhecido como “Maio de 68”, na França.

Juventude Francesa

Na França, o mês de maio foi marcado pelos protestos de estudantes contra o regime do ditador Charles de Gaulle. Alunos da Universidade de Nanterre foram expulsos das escolas acusados de liderarem movimentos, revoltando grande parte da população francesa. Com apoio da classe operária, as greves se intensificaram levando o presidente da França combater de forma violenta os manifestantes, que travaram batalhas durante dias com a polícia local. Nas ruas de Paris estavam formavam-se barricadas que separavam os grupos de manifestantes dos policiais. Após o Partido Comunista Francês (PCF) anunciar apoio aos estudantes, uma nova greve geral ocorreu na capital, levando mais de dez milhões de pessoas a exigir melhores condições de trabalho, obrigando De Gaulle a buscar refúgio na base militar alemã, onde se recompôs e, mediante diversas promessas de melhorias, retomou controle da situação e pôs fim às movimentações populares.

Luta racial nos EUA

A forte reação à discriminação racial nos Estados Unidos ocasionou o surgimento de vários movimentos, como o Black Power e os Panteras Negras. Vencedor do Nobel da Paz em 64, Martin Luther King foi assassinato em abril de 1968, na cidade de Memphis. O movimento dos direitos civis, que eclodiu ainda nos anos de 1950 com a recusa da costureira Rosa Parks de ceder a um branco seu assento num ônibus, ganhava força no território americano. A centenária organização racista “Ku Klux Klan” e outros grupos    atuaram no assassinato de Malcom X, um dos líderes afro-americanos que buscava a igualdade através de qualquer meio.

Além do fim da discriminação racial, os jovens negros reivindicavam segurança. Os assassinatos de negros eram constantes pelos racistas. A identidade cultural dos negros eram os cabelos estilo “afro”, que, inspirados nas tribos africanas, usavam indumentárias coloridas e uma saudação com o punho levantado.

Ditadura Brasileira

O Brasil já havia sofrido um golpe militar em 1964. No ano de 1968, sob regime do general Arthur da Costa e Silva, caracterizado negativamente pela grande censura, houve o recrudescimento da ditadura, com o aumento da censura, a falta de liberdades democráticas e forte repressão. A população brasileira resistia à ditadura, mesmo diante de toda violência. No mês de junho, os estudantes realizaram a famosa “passeata dos cem mil”, no Rio de Janeiro. Este mês também ficaria marcado pela “sexta-feira sangrenta”, quando a polícia militar repreendeu estudantes com extrema violência que resultou numa quantidade de mortes ainda hoje desconhecida. Ainda no mesmo ano, seria proibido qualquer tipo de manifestação, através de um decreto ministerial.

Diversos outros países sentiram grandes reflexos de suas políticas naquele ano, a antiga Tchecoslováquia sofreria com a Primavera de Praga, as universidades na Espanha e Itália seriam ocupadas por estudantes, a guerra do Vietnã, a independência das Ilhas Maurício, Guiné Equatorial e Suazilândia.

Colaboração do estagiário Gabriel de Oliveira

Mídia