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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
Com informações da Contraf-CUT
Um homem de 58 anos foi condenado nesta semana a dois anos e 10 meses de prisão por crime de racismo, cometido em Tijucas, região da Grande Florianópolis (SC). A pena deverá ser cumprida em regime aberto. A decisão ainda cabe recurso no Tribunal de Justiça e o acusado seguirá em liberdade enquanto aguarda o próximo julgamento.
O crime ocorrido no final de 2023, dentro de uma agência bancária da cidade, foi registrado pelas câmeras de segurança do local. As imagens mostram que o homem tentou entrar na agência, mas foi barrado na porta giratória por portar objetos metálicos, como um celular e um molho de chaves. O vigilante Eric Santana dos Santos, de 47 anos, cumprindo sua missão profissional de garantir a segurança da unidade bancária, de clientes e funcionários, orientou o cliente a colocar os itens em uma gaveta coletora transparente, procedimento padrão. O cliente, no entanto, teve uma reação agressiva e começou a insultar um funcionário que auxiliava no autoatendimento e, em seguida, voltou-se contra o vigilante com ofensas verbais. Antes de sair do local, o acusado fez gestos obscenos e imitava sons e movimentos de um macaco, em clara atitude racista. Eric anotou a placa do veículo do agressor, o que permitiu sua identificação. Com apoio das imagens e de testemunhas, ele procurou a Polícia Civil e registrou a ocorrência. O nome do agressor não foi divulgado, pois o processo corre sob segredo de Justiça.
Racismo estrutural
Na avaliação do secretário de Combate ao Racismo da Contraf-CUT, Almir Aguiar, o episódio é mais um caso de racismo estrutural que ainda impera nas relações sociais e no ambiente de trabalho. "As estatísticas têm mostrado o quanto uma grande parcela da sociedade e instituições são racistas e cruéis com a maioria da população brasileira, que são os pobres e negros. Em pleno século XXI, por mais que se aprofunde o debate sobre as questões raciais no Brasil, seguimos sofrendo ataques constantes e diários. São necessárias políticas mais severas para conter atitudes como o crime cometido contra esse vigilante, em Florianópolis", afirmou.
A condenação se baseia na Lei 14.532/23, que equipara a injúria racial ao crime de racismo, com penas mais rígidas. Almir destaca é preciso haver, por parte dos bancos, medidas mais eficazes de combate ao racismo no setor finaceiro. “Debatemos com a Fenaban, na última negociação sobre igualdade de oportunidades, a criação de um protocolo de procedimentos em casos de racismo no sistema financeiro, tanto contra bancários como contra trabalhadores negros, como os que atuam na área de limpeza e vigilância", acrescentou.
A Contraf-CUT e sindicatos filiados reforçam a importância de que vítimas de racismo procurem apoio e denunciem.
“Somente com o enfrentamento direto e coletivo será possível combater o preconceito e construir ambientes mais justos e igualitários”, concluiu Almir.