Quinta, 24 Julho 2025 14:56

Homem é condenado pela Justiça por racismo contra vigilante de agência bancária

Eric Santana dos Santos foi vítima do crime em 2023, em Tijucas (SC)

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

Com informações da Contraf-CUT

Um homem de 58 anos foi condenado nesta semana a dois anos e 10 meses de prisão por crime de racismo, cometido em Tijucas, região da Grande Florianópolis (SC). A pena deverá ser cumprida em regime aberto. A decisão ainda cabe recurso no Tribunal de Justiça e o acusado seguirá em liberdade enquanto aguarda o próximo julgamento.

O crime ocorrido no final de 2023, dentro de uma agência bancária da cidade, foi registrado pelas câmeras de segurança do local. As imagens mostram que o homem tentou entrar na agência, mas foi barrado na porta giratória por portar objetos metálicos, como um celular e um molho de chaves. O vigilante Eric Santana dos Santos, de 47 anos, cumprindo sua missão profissional de garantir a segurança da unidade bancária, de clientes e funcionários, orientou o cliente a colocar os itens em uma gaveta coletora transparente, procedimento padrão. O cliente, no entanto, teve uma reação agressiva e começou a insultar um funcionário que auxiliava no autoatendimento e, em seguida, voltou-se contra o vigilante com ofensas verbais. Antes de sair do local, o acusado fez gestos obscenos e imitava sons e movimentos de um macaco, em clara atitude racista. Eric anotou a placa do veículo do agressor, o que permitiu sua identificação. Com apoio das imagens e de testemunhas, ele procurou a Polícia Civil e registrou a ocorrência. O nome do agressor não foi divulgado, pois o processo corre sob segredo de Justiça.

Racismo estrutural

Na avaliação do secretário de Combate ao Racismo da Contraf-CUT, Almir Aguiar, o episódio é mais um caso de racismo estrutural que ainda impera nas relações sociais e no ambiente de trabalho. "As estatísticas têm mostrado o quanto uma grande parcela da sociedade e instituições são racistas e cruéis com a maioria da população brasileira, que são os pobres e negros. Em pleno século XXI, por mais que se aprofunde o debate sobre as questões raciais no Brasil, seguimos sofrendo ataques constantes e diários. São necessárias políticas mais severas para conter atitudes como o crime cometido contra esse vigilante, em Florianópolis", afirmou.

A condenação se baseia na Lei 14.532/23, que equipara a injúria racial ao crime de racismo, com penas mais rígidas. Almir destaca é preciso haver, por parte dos bancos, medidas mais eficazes de combate ao racismo no setor finaceiro. “Debatemos com a Fenaban, na última negociação sobre igualdade de oportunidades, a criação de um protocolo de procedimentos em casos de racismo no sistema financeiro, tanto contra bancários como contra trabalhadores negros, como os que atuam na área de limpeza e vigilância", acrescentou.

A Contraf-CUT e sindicatos filiados reforçam a importância de que vítimas de racismo procurem apoio e denunciem.

“Somente com o enfrentamento direto e coletivo será possível combater o preconceito e construir ambientes mais justos e igualitários”, concluiu Almir.

 

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