Terça, 03 Outubro 2017 00:00

Passeata levanta a bandeira da soberania nacional contra as privatizações

O presidente golpista Michel Temer não tem legitimidade para privatizar as empresas estatais e bancos públicos. Este foi o tom da passeata organizada pelas frentes Brasil Popular e Povo sem Medo, nesta terça-feira (3), no Rio, que precedeu o ato em frente à Petrobrás, contra as privatizações e pela soberania nacional.

Na parte da manhã, o Sindicato dos Bancários do Rio paralisou as atividades no Banco do Brasil, na Rua Senador Dantas, com a realização de ato público contra as privatizações. Na Caixa da Almirante Barroso, apesar a intervenção policial para impedir a paralisação, os bancários retardaram a abertura da unidade.

Concentração

Ao meio dia, a concentração em frente à Eletrobrás, reunia, na confluência das avenidas Presidente Vargas e Rio Branco, segundo os organizadores, em torno de 10 mil manifestantes. Vindo do Terreirão do Samba pela Presidente Vargas, a passeata era liderada por cerca de 4 mil trabalhadores atingidos pelas barragens de todo o país. Eles estão no Rio para a realização do 8º Encontro Nacional do MAB, que vai até quinta-feira (5). Somaram-se a eles, os empregados da Casa da Moeda do Brasil, da Cedae e dos Correios (as três categorias em greve), eletricitários, petroleiros, professores, bancários, trabalhadores civis das Forças Armadas, metalúrgicos, estudantes e outros.

O Brasil é dotado de imensas riquezas naturais – terras, minérios (alguns muito raros como o nióbio), petróleo, água, matas e outras – um patrimônio que deve ser revertido ao desfrute da população brasileira e também servir solidariamente a outros povos que necessitem. Mas para isso, é fundamental que o país seja soberano, tendo controle sobre esses recursos.

“Não será entregando de mão beijada essas riquezas, a bancos e multinacionais, que o povo brasileiro verá o país se desenvolver. O vendilhão Temer está perpetrando mais um crime de lesa-pátria e nós precisamos reagir nas ruas para impedi-lo”, protestou o diretor do Sindicato Sérgio Menezes.

Privatizações

No setor elétrico, está na mira das multinacionais e dos bancos, todo o sistema Eletrobrás, que integra as quatro grandes Chesf, Eletronorte, Eletrosul e Furnas, além do Cepel, Eletronuclear e as distribuidoras federais do Norte e Nordeste

No setor elétrico, estão na mira de multinacionais e bancos, a Petrobras, o sistema Eletrobrás, que integra as quatro grandes Chesf, Eletronorte, Eletrosul, Furnas, além da Eletronuclear, Cepel e distribuidoras federais do Norte e do Mordeste.

 

No setor água e saneamento básico, a bola da vez é a Cedae (Rio). Se for privatizada, as demais 26 empresas de saneamento brasileiras poderão entrar a seguir no rol das privatizáveis. Segundo o diretor do Sintsama, Paulo Farias, cerca de 1,5 mil dos 5 mil empregados da base da Cedae no estado, está terceirizada.

Bancos públicos

Os sindicatos de bancários e todo o país lutam em defesa dos bancos públicos, defendendo a noção que o que é público tem a ver com a população, tem a ver com o Brasil. São os recursos financeiros dos bancos públicos que garantem a realização de projetos de habitação popular, financiamento ao saneamento básico (cada real investido em tratamento de água e esgoto, representa quatro reais economizados em gastos com saúde), investimentos em agricultura familiar, bolsas de estudo para cursos técnicos e universidades, pesquisa tecnológica. Na educação está provado que é o ensino público gratuito que vem atuando para reduzir a desigualdade e melhorar a distribuição de renda no país.

Não é razoável imaginar que os bancos privados vão dar esses suportes em favor do desenvolvimento social. O presidente da CUT/Rio e funcionário da Caixa foi taxativo sobre esta questão “Uma Caixa transformada em ‘S/A’ não vai se preocupar com Minha Casa Minha Vida, financiamento habitacional. A Caixa com a missão de atender a população em todo o país gerou muito lucro, provando que dá para ganhar e atender a população ao mesmo tempo. E no momento em que pedimos mais funcionários e mais recursos para atender e investir no país, o Temer vem com uma proposta de privatização”, criticou.

Soberania nacional

A luta pela soberania nacional unifica as forças políticas que se opõem ao governo golpista de Temer. O movimento sindical e popular, colocam a soberania como tema central das manifestações para barrar as privatizações e revogar as medidas dos golpistas contra o povo brasileiro.

Na segunda-feira (2) foi lançada a Frente Parlamentar Mista em Defesa da Soberania Nacional, no Rio. Na oportunidade foi lançado o abaixo-assinado da Campanha Nacional pelo Plebiscito Revogatório das medidas antipopulares, entre elas a reforma trabalhista prevista para entrar em vigor a partir do dia 11 de novembro.

 

 

Atingidos pelas barragens

Criado há 26 anos, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) tem como objetivo organizar a luta das populações impactadas pelas construções de barragens em todo o território nacional. O MAB calcula em 50 mil os atingidos diretamente pela construção de represas hidrelétricas que estão sob sua organização.

“Não há legislação que defina o conceito de “atingidos por barragens”, ficando as indenizações das perdas relegadas às empresas construtoras, que, em geral, transferem a responsabilidade para o governo. Este por sua vez, lava a mãos”, explica um dos organizadores do movimento, Rogério Hohn, catarinense que atua em São Paulo.

Acampados no Terreirão do Samba, cerca de 4 mil pessoas de todo o país participam do 8º Encontro Nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens, cujo tema central é “Água e energia, soberania, distribuição da riqueza, controle popular”.

Até o momento, apenas 10 mil famílias dos municípios de Itá e Machadinho, em Santa Catarina, foram atendidos com reassentamentos no estado e fora dele. A construção da usina de Belo Monte, em Altamira, no Pará, expropriou um município inteiro – ribeirinhos (agricultores e pescadores), quilombolas, indígenas e a população urbana estimada em cerca de 50 mil pessoas. Nos anos 1970, os atingidos de Itaipu, no Paraná (Afogados), Tucuruí (PA), o movimento era feito somente através das comissões regionais, como também os de Balbina (AM), Sobradinho e Itaparica, na Bahia. Somente a partir de 1991 foi organizado o movimento nos moldes em que trabalha atualmente.

Rogério explicou ainda que quando uma construtora indeniza famílias de atingidos, o custo financeiro vai para a tarifa. “Assim o atingido não é só quem perde seus bens nas águas da barragem, mas também toda a população que consome energia”, disse.

 

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