Terça, 03 Outubro 2017 00:00

Lula contra-ataca

Ex-presidente disse, durante o ato em defesa da Soberania Nacional, na terça-feira, dia 3 de outubro, no Rio, que Brasil não pode prescindir de empresas públicas, como Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Eletrobras e Petrobras. Prometeu voltar a Presidência da República e desafiou o juiz Sérgio Moro a provar as acusações feitas pela Polícia Federal e o Ministério Público

 

Soberania Nacional – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que defender a soberania nacional é mais do que defender a Amazônia, as águas e os rios, as fronteiras, as riquezas naturais e a biodiversidade do país. É acima de tudo, defender a dignidade e a honra do povo brasileiro.

“A nação brasileira só será soberana se o nosso povo tiver trabalho, salário digno, direito à educação, à saúde, à cultura e ao lazer”, disse. Lembrou que durante seu governo e de Dilma Roussef, a soberania do Brasil foi defendida na prática.

“Quando vencemos as eleições de 2002, nós dissemos não aos EUA, impedindo a implantação da Alca – Área de Livre Comércio das Américas e criamos o Mercosul (Mercado Comum do Sul), A Unasul (União das Nações Sul-Americanas). Aprovamos o ensino da história e da cultura africana nas nossas escolas públicas. Falar em soberania nacional é tornar o Brasil protagonista na economia internacional, é ter a coragem de fazer da Petrobras uma das maiores empresas de petróleo e um dos mais importantes centros de pesquisas do mundo”.

Destacou ainda o fato de que, em seu governo, o Brasil deixou de ser devedor do FMI (Fundo Monetário Internacional) e garantiu US$80 bilhões de reserva cambial.

Política internacional - Lula usou a expressão criada pelo jornalista Nelson Rodrigues, ao criticar o que chama de “complexo de vira-latas” para falar da política de relações internacionais dos governos do FHC (PSDB) e Michel temer (PMDB), submissa aos interesses dos EUA.

“Fizemos um acordo com a França para dominarmos a tecnologia de construção de submarinos de propulsão nuclear, conseguimos um acordo, junto com a Turquia, com o Irã que os EUA e a União Europeia haviam fracassado. Soberania não é falar grosso com a Venezuela e fino com a Casa Branca. O problema da Venezuela cabe exclusivamente aos venezuelanos”, afirmou.

Entrega do Patrimônio público e Privatizações – O ex-presidente voltou a criticar o governo temer por querer privatizar as estatais, empresas e bancos públicos.

“Eles estão mais para donos da Casa Bahia do que para governantes do país. Não é possível abdicar da Petrobras, da indústria naval, Eletrobras, BNDES, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal. A moeda é um dos valores fundamentais de uma nação, e eles querem vender até a Casa da Moeda. Estão entregando tudo porque não têm competência. Na verdade, ao vender tudo, estão fazendo com que o Brasil abra mão de instrumentos para realizar sua própria política econômica”.

Os 64 anos da Petrobras – Afirmou que a Petrobras não é apenas uma indústria de petróleo, mas uma indústria de desenvolvimento. “Há milhares de empresas e setores que dependem da Petrobras. Por isso, em nosso governo, investimos tanto em pesquisa. Quando descobrimos o Pré-Sal eles diziam que era impossível o Brasil explorar toda aquela reserva porque não tínhamos tecnologia para isto. Atingimos a autosuficiência e conseguimos explorar petróleo a sete mil metros de profundidade porque a Petrobras é uma das mais avançadas empresas em tecnologia do setor de petróleo e gás, do mundo”.

Alertou para o risco da entrega dos recursos naturais às empresas estrangeiras. “O Petróleo é de todo o povo brasileiro e 75% dos royaties do Pré-Sal serão investidos para recuperarmos o atraso em educação e pesquisa e isto eles não conseguem engolir. Lembrou também que foi o presidente que mais investiu na principal estatal brasileira, em pesquisa e educação

Reforma Trabalhista - Falou ainda sobre uma matéria publicada na grande imprensa, em que empresários brasileiros e americanos, reunidos em Nova Iorque, avaliaram que a atual reforma trabalhista, que retira tantos direitos do trabalhador e precariza ainda mais o trabalho no Brasil, ainda é “muito pouco” e “não teria valido de nada”, pois para o empresariado, é preciso retroceder ainda mais na legislação trabalhista.

“Eles estão descontentes com a reforma trabalhista pois acham que é muito o trabalhador ter 30 dias de férias, meia hora de lanche e licença remunerada para as gestantes. O que eles querem é voltar ao tempo da escravidão, mas nós não vamos voltar a era da escravidão”, declarou, ovacionado pelos manifestantes.

Operação Lava-Jato e a mídia– Lula desafiou a Polícia Federal e o Ministério Público Federal a provarem as denúncias que têm sido feitas contra ele na Operação Lava-Jato e voltou a criticar a postura do juiz Sérgio Moro.

“Eu desafio que eles provem, uma, não precisa de duas, mas apenas uma das acusações mentirosas contra mim feitas todos os dias pela Polícia Federal, pelo Ministério Público, pelo Estadão, Folha de SP, Revista Veja, Época, IstoÉ e pela Rede Globo. Eu já provei minha inocência”, disse, criticando Sérgio Moro por aceitar as mentiras e calúnias contra ele.

Provocou seus adversários, dizendo que, após deixar a presidência da República, não foi morar em Paris, Suíça ou Nova Iorque, mas voltou a residir na região onde começou sua carreira de sindicalista, em São Bernardo do Campo. Emocionado, culpou os ataques da mídia e às calúnias que tem sofrido pela Operação Lavo-Jato pela morte prematura de sua esposa, dona Marisa.

Candidato em 2018 - Prometeu ainda que, se ganhar as eleições de 2018, o povo pobre da periferia vai voltar a ter Prouni, Fies, Minha Casa Minha, Minha Vida e emprego. “Quando não tem emprego, tem mais violência. Não adianta dizer que o problema está na Rocinha. A violência está no comportamento da elite brasileira”.

Mostrou otimismo, apesar dos ataques que tem sofrido na imprensa. “Podem me atacar. Sou um ser-humano de 71 anos. Mas eles precisam saber que Lula não é apenas uma pessoa, mas é uma ideia de milhões de brasileiros e brasileiras neste país que querem liberdade, cidadania, emprego, universidade, respeito e soberania”, concluiu.

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