Quinta, 29 Agosto 2024 22:20
MERECEMOS RESPEITO

Comando Nacional rejeita proposta com escalonamento de índices por faixa salarial e exige aumento real

Caso a Fenaban não apresente uma proposta justa nesta sexta-feira (30), categoria bancária vai para as assembleias na quarta (4) organizar a luta e dar uma resposta ainda mais dura aos bancos
O Comando Nacional dos Bancários rejeitou novamente a proposta da Fenaban e espera uma proposta digna até sexta (30). Assembleia na quarta, 4 de setembro, definirá rumos da campanha salarial O Comando Nacional dos Bancários rejeitou novamente a proposta da Fenaban e espera uma proposta digna até sexta (30). Assembleia na quarta, 4 de setembro, definirá rumos da campanha salarial Foto: Contraf-CUT

 

Carlos Vasconcellos 

Imprensa SeebRio 

Nesta quinta-quinta-feira (29), em São Paulo, foi realizada a 12ª rodada de negociações entre o Comando Nacional dos Bancários e a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) para renovação da Convenção Coletiva de Trabalho da categoria bancária. Os bancos apresentaram duas novas propostas de reajustes que foram recusadas pelo Comando. 

“Todas as propostas de reajustes foram rebaixadas e muito distante das reivindicações das bancárias e bancários. Exigimos aumento real e uma proposta que reflita os altos lucros e rendimentos do setor, que só em 2023 lucrou R$ 145 bilhões. Além disso, as propostas apresentavam reajustes separados por faixa salarial, o que divide a categoria”, avaliou a coordenadora do Comando e presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, que considera a intransigência dos bancos uma tática para "cansar" os bancários. 

“Repor a inflação é obrigação e o aumento real decente para todos é questão de respeito aos trabalhadores do setor, numa conjuntura de ganhos elevados dos bancos e de crescimento econômico do país com aumento real das outras categoriais”, completou.

Escalonamento não! 

Um levantamento do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) , dos 9.604 setores no país que já firmaram acordos ou convenções coletivas em 2024, apenas 12,8% foram escalonados, ou seja, por faixa salarial, como a Fenaban propôs. Além disso, mais de 85% tiveram aumento real médio de 1,54%, enquanto os bancos, o setor mais lucrativo do pais, querem impor ganhos reais entre 0,09% e 0,23%.

"Nós não vamos aceitar a divisão da categoria. Somos todos bancários e bancárias e merecemos respeito. Queremos reajuste e aumento real", disse a presidenta da Federa-RJ (Federação das Trabalhadoras e Trabalhadores no Ramo Financeiro do Estado do Rio de Janeiro), Adriana Nalesso. 

"Nosso recado foi dado. Se até amanhã a Fenaban não atender às reivindicações da categoria nós vamos para as assembleias na quarta-feira dar uma resposta e decidir o rumo desta campanha salarial", acrescentou Adriana. 

"Esta proposta é totalmente discriminatória. Para nós, caixas, escriturários, tesoureiros, gerentes, supervisores, são todos bancários. Portanto, não faz sentido propostas diferenciadas para a categoria ", ressaltou o presidente do Sindicato do Rio José Ferreira, lembrando que o estudo do Dieese apontou que 9.604 categorias tiveram este ano aumento real de 1,5%, acima da proposta dos bancos, o setor mais lucrativo do país. 

A proposta foi novamente rejeitada em mesa pelos dirigentes sindicais. 

Os sindicatos criticam também o fato de os bancos valorizarem apenas o alto escalão, com remuneração média de R$ 9,2 milhões por diretor executivo. Já para a maioria dos funcionários, que é quem garante a alta lucratividade do setor financeiro, os bancos querem impor perdas. 

Próximos passos

O comando encerrou a mesa de negociação reafirmando que não aceitará proposta que divida os bancários, porque toda a categoria merece um reajuste decente.

As negociações serão retomadas nesta sexta-feira (30), às 10h, em São Paulo, último dia de prazo dado pelo movimento sindical para a Fenaban apresentar uma proposta digna, já que 1⁰ de setembro é a data-base da categoria. 

Além do aumento real para todos os bancários e bancárias, os sindicatos cobram ainda respostas para outras demandas importantes, como um aumento maior nos tíquetes refeição e alimentação, melhoria da PLR, combate à terceirização, proteção do emprego bancário, direito à desconexão e suporte aos pais e mães de filhos com deficiência e aos funcionários com deficiência.

Mobilização continua 

O comando orienta a continuidade das mobilizações presenciais nas agências e departamentos, inclusive com paralisações e também campanhas nas redes sociais. 

Está mantida a assembleia agendada para a próxima quarta-feira (4).

Dinheiro eles têm de sobra 

- Em 2023, os bancos tiveram lucro no Brasil de R$ 145 bilhões.

- No primeiro semestre de 2024 o lucro dos cinco maiores bancos foi de R$ 60 bilhões, aumento de 15% em relação ao mesmo período de 2023.

- No Brasil, os bancos têm rendimento médio de 15% ao ano acima da inflação, superior às instituições financeiras dos EUA, que têm rentabilidade média de 6,5% acima da inflação, na Espanha 10% e na Inglaterra 9%.

- As receitas dos bancos sào 10 vezes as despesas de pessoal.

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