Sexta, 23 Agosto 2024 20:26

Plenária do Rio defende aumento da pressão da categoria para que negociações avancem

O presidente do Sindicato, José Ferreira, fala durante a plenária virtual. Foto: Nando Neves.. O presidente do Sindicato, José Ferreira, fala durante a plenária virtual. Foto: Nando Neves..

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Imprensa SeebRio

O Sindicato dos Bancários e Financiários do Rio de Janeiro convocou a categoria bancária para uma plenária virtual que aconteceu na noite desta sexta-feira (23/8). O debate foi sobre a Campanha Nacional e foi opinião comum a necessidade de aumentar a pressão para que os bancos avancem nas negociações que estão emperradas.

O presidente do Sindicato, José Ferreira, e a presidente da Federação Estadual das Trabalhadoras e Trabalhadores do Ramo Financeiros (Federa-RJ), Adriana Nalesso, criticaram os bancos que têm proposto um índice de reajuste inferior à inflação, alegando enfrentar o aumento da concorrência (uma referência a fintechs e bancos digitais) que teria causado redução da lucratividade.

“É o momento de aumentarmos a mobilização para fazer com que os bancos façam o mínimo que é apresentar proposta de aumento real e de valorização da PLR e dos tíquetes, já que a lucratividade do sistema financeiro brasileiro é a mais alta do mundo”, lembrou José Ferreira. Adriana acrescentou que os lucros dos bancos são, também, os maiores entre todos os segmentos da economia, e que a concorrência sempre existiu, ressaltando o tempo em que havia dezenas de bancos estaduais e regionais. "Isso não é justificativa", disse.

“É preciso lembrar um estudo do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) mostrando que 86% dos acordos coletivos foram negociados e assinados com aumento real. Por que então os bancos que lucram muito mais não concordam com os 5% de aumento real?”, questionou a dirigente bancária.

Dia de Luta – Ambos lembraram da necessidade da categoria participar dos protestos da próxima segunda-feira (26/8), que têm como objetivo fazer com que avancem as negociações entre o Comando Nacional dos Bancários e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), marcada para terça-feira. Será um Dia Nacional de Luta, com paralisações e manifestações de rua. A deflagração de greve e a convocação de assembleia presencial foram sugestões levantadas por alguns participantes.

“A orientação do Comando Nacional é de que todos vistam roupas pretas na segunda-feira (26/8) para mostrar indignação com o resultado das negociações até aqui”, frisou José Ferreira.

Todos foram unânimes em lembrar que a reforma trabalhista do governo Temer acabou com a ultratividade, significando que a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) deixa de vigorar em 31 de agosto. Este foi apontado como mais um elemento que mostra a necessidade do aumento da mobilização.

Truculência do Santander – José Ferreira e Adriana condenaram o Santander que chamou a polícia militar para agredir bancários e diretores do Sindicato de São Paulo, que participavam de manifestação pacífica. Lembraram que a PM do governador Tarcisio agiu de forma truculenta.

BB e Caixa – Integrantes das comissões de empregados do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, Rita Mota e Rogério Campanate disseram que as negociações dos acordos específicos têm tido pequenos avanços. Mas que será preciso aumentar a pressão pois reivindicações importantes ainda estão sem resposta.

Reivindicações da categoria

- Reajuste salarial que corresponda à reposição pelo INPC acumulado entre setembro de 2023 e agosto de 2024, acrescido do aumento real de 5%;

- Melhoria nos percentuais da Participação nos Lucros e Resultados (PLR);

- E melhorias nas demais verbas, incluindo tickets alimentação e refeição, auxílio creche e auxílio babá.

Os trabalhadores reivindicam ainda:

- Fim da gestão por metas abusivas, que tem gerado adoecimento na categoria;

- Reforço aos mecanismos de combate ao assédio moral e sexual;

- Direito à desconexão fora do horário de trabalho;

- Direitos para pessoas com deficiência (PCDs) e neurodivergentes;

- Suporte aos pais e mães de filhos com deficiência;

- Mais mulheres na TI;

- Combate à terceirização e garantia de empregos;

- Jornada de trabalho de quatro dias;

- Ampliação do teletrabalho.

 Dados do setor

- Em 2023, os bancos tiveram lucro de R$ 145 bilhões no país. Estamos falando de lucro, já descontado impostos, provisões, gastos com funcionários e equipamentos;
- No 1º semestre de 2024, o lucro dos cinco maiores bancos foi de R$ 60 bilhões, aumento de 15% em relação ao mesmo período de 2023;
- No Brasil, os bancos têm rendimento médio de 15% ao ano acima da inflação. A título de comparação, os bancos dos Estados Unidos têm rentabilidade média de 6,5% acima da inflação, na Espanha 10% e na Inglaterra 9%;
- Ainda que representem 10% das instituições financeiras do Brasil, os bancos têm resultado nove vezes maior que as instituições de pagamento, respondendo por 71% do lucro produzido no setor financeiro, sem contar que muitos bancos são detentores de instituições de pagamento;
- Além disso, os bancos detêm 82% do mercado de crédito do país e 81% dos ativos do mercado financeiro brasileiro;
- Por outro lado, no último ano, 2023, os bancos tradicionais encerraram mais de 2 mil postos de trabalho, enquanto em todo o sistema financeiro, do qual os bancos fazem parte, está havendo o aumento de empregos.

 

 

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