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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
Apesar da boa notícia de que o rendimento médio mensal no Brasil subiu 11,5% em 2023, passando de R$ 1.658 para R$ 1.848, persiste ainda no país, um abismo de desigualdade social e concentração de renda, com uma diferença de uma minoria mais rica em relação aos mais pobres, sem precedentes no mundo capitalista.
O grupo dos 1% mais ricos do Brasil tem um rendimento médio mensal 39,2 vezes maior que os 40% com os menores rendimentos. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (19).
Aumento maior para ricos
O rendimento médio mensal real domiciliar per capita — ou seja, a renda média de um domicílio dividida pelas pessoas que lá habitam — do 1% mais rico foi de R$ 20.664 em 2023, o que representa um aumento de 13,2% em relação ao valor observado em 2022 (R$ 18.257).
Já o rendimento médio mensal dos 40% mais pobres foi de, em média, R$ 527 no ano passado, uma elevação de 12,6% em relação ao número registrado em 2022 (R$ 468), índice inferior ao da parcela mais abastada da população.
Políticas compensatórias
Os números mostram que, apesar de programas sociais e políticas compensatórias, como o Bolsa Família diminuirem a desigualdade, eles por si só ainda não conseguem impedir o abismo social que separa uma minoria mais rica das grandes massas de pobreza no país.
Modelo econômico
Os 10% da população com os maiores rendimentos (média mensal de R$ 7.580 em 2023) tiveram uma alta de 12,4%. Esse valor é 14,4 vezes maior que os 40% mais pobres.
"Os números do IBGE mostram que ainda estamos muito longe de alcançar uma sociedade mais justa e que apenas programas sociais não solucionam a abissal desigualdade no Brasil. É preciso mudar este modelo econômico que enriquece cada vez mais os bancos e os exportadores de commodities e não prioriza a pequena e média produção nacional voltada para o consumo das famílias e muito menos a valorização do trabalho", disse a vice-presidenta do Sindicato dos Bancários do Rio, Kátia Branco.
"As limitações orçamentárias impostas pela lógica neoliberal e a política de restrições fiscais para o país pagar metade do que arrecada em juros da dívida pública aos bancos impede o Brasil de alcançar um desenvolvimento econômico sustentável. É preciso também fazer o que todo o mundo desenvolvido pratica há anos, que é uma tributação progressiva justa, onde os mais ricos pagam proporcionalmente mais impostos do que os pobres, a classe média e a produção. Estamos na contramão do mundo. E o povo precisa compreender isso e cobrar do governo e principalmente do Congresso Nacional reformas que acabem com estas distorções e injustiças", concluiu Kátia.
Dados do relatório da Oxfam, organização sem fins lucrativos que visa combater as desigualdades no mundo, mostram que 63% da riqueza do Brasil está nas mãos de 1% da população.