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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Os empregados da Caixa Econômica Federal e o movimento sindical estão fazendo uma grave denúncia: a de que a nova direção do banco já colocou em andamento uma “privatização camuflada”, passando atividades essenciais para subsidiárias, com o objetivo de vendê-las mais adiante. O conselho da empresa está em vias de aprovar a transferência de toda a atividade das lotéricas para uma subsidiária e já examina fazer o mesmo com a operação de cartões de crédito. A medida ameaça, inclusive, programas sociais do governo.
A subsidiária “Lotex”, hoje Caixa Loterias, foi criada em 2016, no governo de Michel Temer. O objetivo era de preparar a privatização das operações, o que só não aconteceu devido à forte pressão dos sindicatos. No começo do governo do presidente Lula, em 2023, quando Rita Serrano assumiu a presidência da Caixa, uma das medidas adotadas, que estava em andamento, era justamente encerrar as atividades da Lotex, mas este processo foi revertido na gestão de Carlos Vieira, indicado ao cargo pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) e apoiado pelo Centrão.
O presidente do Sindicato do Rio de Janeiro José Ferreira critica o fatiamento da estatal e voltou a defender a “Caixa 100% pública”.
“Está claro que entregar as lotéricas e o setor de cartões de crédito para uma subsidiária é o fatiamento da Caixa e, em se tratando do Centrão, com o propósito de privatizar a Caixa por etapas”, destacou.
Recursos importantes
Só no ano passado, as Loterias da Caixa arrecadaram R$ 23,4 bilhões. Deste total, R$ 9,2 bilhões foram destinados a programas sociais do governo federal nas áreas de seguridade social, educação, saúde, cultura, esporte e segurança pública (60% do valor arrecadado volta para a sociedade porque o banco é uma instituição pública).
Um processo semelhante já está em andamento para fazer o mesmo com toda a operação de cartões de crédito.
“Imagine a transferência destas operações para uma subsidiária que poderia, mais adiante, ser vendida para uma empresa privada. É uma estratégia para entregar estes setores à iniciativa privatida. Querem privatizar a Caixa gradativamente. Repudiamos este fatiamento do banco e defendemos a Caixa 100% pública, única garantia de manutenção dos programas sociais”, acrescentou Ferreira.
As loterias federais são monopólio da Caixa desde 1962, um banco público, o que garante o cumprimento de seu papel social. O movimento sindical repudia qualquer possibilidade de que se repitam, no governo Lula, os mesmos planos adotados nos governos Temer e Bolsonaro, que só não foram levados a cabo por causa da pandemia e pela pressão e mobilização dos bancários.
Olho gordo do Centrão
Com o avanço da regulamentação das apostas, o Centrão aumenta a pressão para pegar esta fatia gorda de recursos: além de indicar Carlos Vieira para a presidência do banco, os aliados de Lira conseguiram fazer com que o Ministério da Fazenda retirasse o assessor especial José Francisco Mansur, responsável pela área de apostas esportivas eletrônicas, as chamadas bets.
O apetite do Centrão por cargos e recursos públicos não tem limites.