Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

Com informações da Contraf-CUT

A comemoração ao Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra (20 de novembro), que já é feriado em alguns estados da Federação, como no Rio de Janeiro, São Paulo, Alagoas, Amazonas e Mato Grosso, agora passará a ser em nível nacional. A Câmara dos Deputados aprovou, por 286 voto a favor e 121 contrários, o Projeto de Lei nº 482/2017, nesta quarta-feira (29). O texto, de autoria do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e que já havia sido aprovado no Senado em 2021, segue agora para a sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“A aprovação deste Projeto é mais uma vitória do movimento negro e da luta contra o racismo no Brasil. Alguns estados, como Minas Gerais, por exemplo, onde o governador Romeu Zema do Partido Novo, como muitos de seus pares da extrema-direita, despreza a reação popular contra o preconceito e a discriminação, não era feriado”, disse o o secretário de Combate ao Racismo da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Almir Aguiar.

“O feriado nacional é mais do que uma data comemorativa, é uma oportunidade para a reflexão e a união da sociedade contra o racismo histórico e estrutural e em defesa da igualdade de oportunidades”, acrescentou Almir.
Atualmente, o 20 de novembro é celebrado também em mais de mil cidades brasileiras .

Zumbi dos Palmares

Em entrevista ao site da Contraf-CUT, a deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ) falou da importância do resgate histórico e da memória nacional em relação à importância de Zumbi dos Palmares na luta pela emancipação da população negra e para a história do Brasil.

“Zumbi dos Palmares foi um dos maiores democratas que encontramos na luta de um povo por sua liberdade. Um homem que conseguiu manter a chama viva, ardente nos nossos corações, nas nossas veias, nas nossas almas, que fez com que esse Brasil pudesse reconhecê-lo como herói da pátria brasileira, não herói dos negros. E é esse legado deixado pela Constituinte, junto com o senador Paulo Paim [autor da proposta] há 35 anos nós defendemos essa causa. Não é apenas um feriado qualquer. É uma história do Brasil”, disse a parlamentar durante a votação da proposta.

A luta do povo negro

O presidente da Fundação Cultural Palmares, João Jorge Ropdrigues Santos, reforça que na data “homenageia também, Dandara dos Palmares, Acotirene, Aqualtune, mulheres e homens que fizeram daquela experiência da República Negra, da República Popular Brasileira, entre 1595 e 1695, uma experiência exitosa”. Ele ressaltou ainda que a transformação do 20 de novembro em data nacional de conscientização é uma conquista de várias gerações, que incluem os pioneiros abolicionistas José do Patrocínio, Joaquim Nabuco, Luís Gama, o ex-escravizado que se tornou advogado; Maria Tomásia Figueira Lima, a aristocrata que lutou para adiantar a abolição no Ceará; André Rebouças, o engenheiro que queria dar terras aos libertos; Adelina, a charuteira que atuava como ‘espiã’; Dragão do Mar, o jangadeiro que se recusou a transportar escravizados para os navios; e Maria Firmina dos Reis, a primeira escritora abolicionista.

“Na história recente, não há como de deixar citar a importância de nomes como Carlos Alberto Caó e Abdias Nascimento, do PDT, e a vereadora do Rio, Marielle Franco, do PSOL, para a luta da população negra em nosso país”, concluiu Almir.