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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Os 38 sindicatos que representam bancários do Rio Grande do Sul projetam reunir 70 mil assinaturas contrárias à venda de ações do Banrisul até o final de semana, na tentativa de impedir a transação projetada pelo Piratini para ocorrer em dezembro. Conforme a Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Instituições Financeiras do Estado (Fetrafi/RS), até o momento, foi contabilizada a adesão de cerca de 20 mil pessoas. No entanto, entidades de cidades maiores, como Porto Alegre, Pelotas e Santa Maria, ainda não repassaram o número coletado.
Por meio de um Projeto de Lei de Iniciativa Popular, a Federação deseja mudar a Constituição Estadual acrescentando artigos que garantam a obrigatoriedade do Estado manter 51% do total do capital social e do capital votante do Banrisul. O objetivo da entidade é encaminhar o texto à Assembleia Legislativa na próxima semana, com pedido de urgência. Para isso, são necessárias as 70 mil assinaturas – número correspondente a 1% dos eleitores que votaram na eleição de 2016 para prefeitos.
Além disso, o diretor da Fetrafi Carlos Augusto Rocha destaca que, assim que o governo iniciar a divulgação da venda, também serão estudadas ações jurídicas para impedi-la. “O governo do Estado quer, talvez, entregar um banco para pagar uma única folha de pagamento. Isso é intolerável e nós vamos tomar todas as medidas cabíveis pra que isso não aconteça”, argumenta. O Piratini pretende arrecadar cerca de R$ 3 bilhões com a venda das ações. A entidade, porém, traz estimativas de agentes do mercado para um rendimento entre R$ 1,5 e R$ 2 bilhões.
Segundo o entendimento do coletivo jurídico da Fetrafi, está sendo ferido o artigo 22 da Constituição Estadual, que prevê consulta popular para extinção, fusão, incorporação ou cisão do Banrisul. Rocha destaca que a transação pretendida pelo governador José Ivo Sartori aponta para uma espécie de privatização, pois 74% das ações sairiam das mãos do Estado para investimentos privados.
Na terça-feira (28), o vice-governador do Estado disse que o Piratini espera concluir a operação de venda das ações, com entrada de recursos no caixa do estado no dia 14 de dezembro. José Paulo Cairoli acrescentou que o dinheiro vai ser usado para pagar contas e colocar os salários de servidores públicos “em dia”. O vice-governador acrescentou ainda que “não se fala mais” em venda do controle acionário do banco. “A decisão já está tomada. Estamos vendendo o que é possível vender, mantendo o controle do estado”, disse.
O governo do Rio Grande do Sul anunciou, em outubro, a venda de 49% das ações ordinárias (com direito a voto) da instituição, além de 14,2% das ações preferenciais – os outros 85,8% foram vendidos na administração da governadora Yeda Crusius. Segundo o vice-governador, as ações devem ser oferecidas a investidores dos Estados Unidos, Inglaterra e de algum país asiático, como Cingapura. O governo ainda aguarda a publicação de um decreto que permite a autorização e deve ser assinado pelo presidente Michel Temer.