Quarta, 29 Novembro 2017 00:00

Bancários projetam reunir 70 mil assinaturas para tentar barrar venda de ações do Banrisul

Os 38 sindicatos que representam bancários do Rio Grande do Sul projetam reunir 70 mil assinaturas contrárias à venda de ações do Banrisul até o final de semana, na tentativa de impedir a transação projetada pelo Piratini para ocorrer em dezembro. Conforme a Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Instituições Financeiras do Estado (Fetrafi/RS), até o momento, foi contabilizada a adesão de cerca de 20 mil pessoas. No entanto, entidades de cidades maiores, como Porto Alegre, Pelotas e Santa Maria, ainda não repassaram o número coletado.

Por meio de um Projeto de Lei de Iniciativa Popular, a Federação deseja mudar a Constituição Estadual acrescentando artigos que garantam a obrigatoriedade do Estado manter 51% do total do capital social e do capital votante do Banrisul. O objetivo da entidade é encaminhar o texto à Assembleia Legislativa na próxima semana, com pedido de urgência. Para isso, são necessárias as 70 mil assinaturas – número correspondente a 1% dos eleitores que votaram na eleição de 2016 para prefeitos.

Além disso, o diretor da Fetrafi Carlos Augusto Rocha destaca que, assim que o governo iniciar a divulgação da venda, também serão estudadas ações jurídicas para impedi-la. “O governo do Estado quer, talvez, entregar um banco para pagar uma única folha de pagamento. Isso é intolerável e nós vamos tomar todas as medidas cabíveis pra que isso não aconteça”, argumenta. O Piratini pretende arrecadar cerca de R$ 3 bilhões com a venda das ações. A entidade, porém, traz estimativas de agentes do mercado para um rendimento entre R$ 1,5 e R$ 2 bilhões.

Segundo o entendimento do coletivo jurídico da Fetrafi, está sendo ferido o artigo 22 da Constituição Estadual, que prevê consulta popular para extinção, fusão, incorporação ou cisão do Banrisul. Rocha destaca que a transação pretendida pelo governador José Ivo Sartori aponta para uma espécie de privatização, pois 74% das ações sairiam das mãos do Estado para investimentos privados.

Na terça-feira (28), o vice-governador do Estado disse que o Piratini espera concluir a operação de venda das ações, com entrada de recursos no caixa do estado no dia 14 de dezembro. José Paulo Cairoli acrescentou que o dinheiro vai ser usado para pagar contas e colocar os salários de servidores públicos “em dia”. O vice-governador acrescentou ainda que “não se fala mais” em venda do controle acionário do banco. “A decisão já está tomada. Estamos vendendo o que é possível vender, mantendo o controle do estado”, disse.

O governo do Rio Grande do Sul anunciou, em outubro, a venda de 49% das ações ordinárias (com direito a voto) da instituição, além de 14,2% das ações preferenciais – os outros 85,8% foram vendidos na administração da governadora Yeda Crusius. Segundo o vice-governador, as ações devem ser oferecidas a investidores dos Estados Unidos, Inglaterra e de algum país asiático, como Cingapura. O governo ainda aguarda a publicação de um decreto que permite a autorização e deve ser assinado pelo presidente Michel Temer.

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