O banqueiro Henrique Meirelles quer negar teto de pouco mais de R$5,5 mil para trabalhador comum mas tem aposentadoria de R$250 mil por mês. Brasileiros vão parar o país na terça-feira, dia 5 de dezembro, contra a Reforma da Previdência, que é injusta e perversa e em defesa de direitos que estão sendo atacados pelo governo

Pimenta na boca dos outros é refresco. O ditado popular serve muito bem para ilustrar como age o Ministro da Fazenda do governo Michel Temer, Henrique Meirelles, em relação à questão da aposentadoria. Ao mesmo tempo em que tenta impor ao país um projeto de Reforma da Previdência que praticamente impede os brasileiros de receberem o valor integral da aposentadoria do INSS, cujo teto hoje está em R$5.531,31, o banqueiro que hoje comanda a economia do Brasil recebe, só de aposentadoria do Banco Boston, instituição financeira que presidiu, um provento de marajá: cerca de R$250 mil por mês. Claro que, somando seu patrimônio e investimentos, Meirelles fatura muito mais.
Já o presidente Michel Temer (PMDB) se aposentou pelo governo de São Paulo aos 55 anos com aposentadoria de R$ 30 mil e ainda acumula vencimentos do cargo que hoje ocupa fruto de um golpe - mais R$ 27,8 mil ao mês. Sem falar nas acusações que recaem sobre ele de receber propinas e caixa dois. No projeto da reforma, os brasileiros só poderão se aposentar com idade mínima de 65 anos, para homens e 62, para as mulheres.
Teto nunca mais
Pelo projeto do governo, previsto para ser votado no dia 6 de dezembro, para receber a aposentadoria integral, os brasileiros terão que contribuir por 40 anos à Previdência Social. Algo praticamente impossível num país onde é alta a rotatividade e grande o desemprego, especialmente agora que estão valendo as regras da Reforma Trabalhista, que incluem o trabalho intermitente.
“Assim é fácil defender uma reforma em que somente o trabalhador é prejudicado. Qual trabalhador da ativa recebe um salário próximo do valor da aposentadoria de Meirelles? Além disso, a proposta do governo não atinge juízes, ministros, parlamentares e militares, uma casta que se aposenta mais cedo e com altas remunerações. Os banqueiros ganham rios de dinheiro e representam o setor mais lucrativo do Brasil, com ou sem crise e ainda querem controlar as contas públicas fazendo com que os brasileiros trabalhem até a morte”, critica o diretor do Sindicato, Vinícius de Assumpção.
Seguridade superavitária
Segundo estudo da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Anfip), a Seguridade Social é superavitária e o déficit da Previdência é causado porque o governo desvia verbas da União para pagar os juros aos bancos. “O rombo do orçamento está nos juros que o governo brasileiro paga aos bancos que chega a mais de R$400 bilhões ao ano, muito mais do que o suposto déficit da Previdência, que o governo diz ter sido de R$151,9 bilhões em 2016. É preciso que todos participem da greve do dia 5 de dezembro para barrarmos esta reforma, que é injusta e perversa. Não dá para o trabalhador pagar pelos altos juros e lucros absurdos dos bancos com trabalho precário, renda baixa e ainda sem direito a se aposentar”, destaca a presidenta do Sindicato, Adriana Nalesso.