Quarta, 13 Dezembro 2017 00:00

Santander demite até Rei Momo

Banco espanhol leva nota zero no quesito respeito ao trabalhador e ao Brasil

Às vésperas da maior festa popular do planeta, o banco espanhol Santander decidiu desrespeitar um dos símbolos máximos da cultura brasileira e demitir, por justa causa, o bancário Milton Rodrigues da Silva Júnior, o Rei Momo 2018. Por seu grande carisma e amor ao samba, esta é a sexta vez que Milton é eleito como a figura mais importante do Carnaval carioca. A dispensa ocorreu em 9 de novembro deste ano.
Além de um enorme desrespeito à cultura brasileira, o Santander demostrou no episódio, erros primários cometidos na ânsia de dispensar cada vez mais bancários, mesmo atropelando a lei, para aumentar ainda mais seus lucros. Esta disposição fica explícita quando os lucros chegam a R$ 7,2 bilhões apenas nos nove primeiros meses de 2017, um aumento de 34,6% em relação a igual período de 2016, e mesmo assim são extintas 1.392 vagas. Para o diretor do Sindicato, Adriano Garcia, o Santander, um banco que diz defender a diversidade, cometeu um equívoco gigantesco ao demitir uma figura pública e popular, e ainda por cima, desrespeitando a lei.
Truculência
O motivo alegado para a dispensa de Milton pelo departamento de recursos humanos foi “mau uso da licença médica”. Um erro grosseiro, já que o bancário e Rei Momo – há 19 anos no Santander –, se encontrava em licença pelo INSS. O afastamento começou em 25 de março de 2016 e foi até 16 de novembro de 2016, primeiramente, em função de inflamação nas pernas. Em nova perícia no dia 19 de janeiro de 2017, teve o benefício mantido em função de uma cirurgia de “descompressão do túnel do carpo”, na mão direita, uma lesão por esforços repetitivos (LER).
A licença foi estendida em uma nova perícia em 28 de março de 2017. A conclusão da perícia foi a de que Milton “comprova incapacidade com déficit motor do punho/mão direita. Marcha livre com movimentos amplos, senta e levanta com joelhos a 90 graus sem limitação de postura”. Em 6 de junho, o INSS o manteve afastado até 9 de outubro, em virtude da mesma cirurgia feita, desta vez, no pulso esquerdo. Naquela data, o perito relatou, ao mantê-lo de licença: “Existiu incapacidade, inicialmente em benefício por erisipela, posteriormente por procedimento cirúrgico de síndrome do túnel do carpo bilateral. No momento sem limitação funcional, para a atividade declarada, com boa recuperação funcional”.
A demissão ocorreu no dia 9 de novembro deste ano de forma sumária, sendo apenas comunicada ao Sindicato. A partir daí o diretor da entidade, Marcos Vicente, iniciou um processo de negociação, que se prolongou por quase um mês, visando mostrar ao banco o equívoco que estava cometendo. Foram apresentados laudos periciais que jogavam por terra a tese do Santander de que Milton se manteve licenciado por problemas nas pernas, o que o impediria de disputar o concurso de Rei Momo. Mesmo assim, o banco não se dispôs a rever a demissão, demonstrando desrespeito aos direitos do bancário, duvidando da sua integridade e ignorando a veracidade dos laudos do perito, numa demonstração de intransigência e má fé.

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