A Frente Brasil Popular (FBP) realizou, em São Paulo, nos dias 9 e 10 de dezembro, a sua II Conferência Nacional. O encontro reuniu cerca de 350 delegados e delegadas de 23 estados e mais de 80 entidades. Os organizadores do evento consideraram a Conferência um marco importante para o fortalecimento da unidade das forças progressistas do Brasil. Debateram a atual conjuntura política econômica e os desafios dos trabalhadores nos próximos anos.
Entre os principais encaminhamentos aprovados no encontro, estão: a solidariedade à greve de fome dos membros do Movimento dos Pequenos Agricultores, em Brasília, contra a Reforma da Previdência, que completou dez dias na última quinta-feira, dia 14; nota em defesa das religiões de matriz africana e outra em defesa da universidade pública.
Um dos principais desafios do movimento será articular as lutas populares com a disputa eleitoral, na defesa da soberania, do patrimônio público, do estado democrático de direito e contra a retomada do projeto de privatizações.

O combate ao machismo, ao racismo e a homofobia, articulado com a luta de classes e as ações para barrar o golpe e as reformas antipopulares, também estiveram na pauta.

Unidade é a saída

A unidade dos trabalhadores foi também uma das palavras-chaves diante da dura conjuntura política enfrentada pelos brasileiros desde o golpe que derrubou o governo democrático de Dilma Rousseff. Os participantes definiram ainda que é fundamental que a sociedade organizada debata e proponha um projeto nacional de nação para contrapor ao discurso hegemônico neoliberal disseminado pela grande mídia e ao golpe patrocinado pelo grande capital para extinguir direitos dos trabalhadores, concentrando a renda e aprofundando as desigualdades no país e promover o desmonte do estado brasileiro.

“Está claro que é necessário fortalecer o trabalho de base, com a criação de
comitês municipais, organizar a formação política das massas e da militância e estimular as lutas das comunidades locais para avançarmos em nossas lutas”, disse Adeilson Telles, representante da CUT-RJ.

Congresso do Povo

Outra proposta aprovada no encontro trata da criação do “Congresso do Povo”, a partir das organizações que atuam nos bairros, municípios e estados até chegar em nível nacional.

“Nós vamos fazer uma mobilização ampla, com reuniões que acontecerão nos salões paroquiais, nos ginásios e escolas para discutir a situação em que o povo está vivendo e quem são os culpados desse quadro”, afirmou João Pedro Stédile, do Movimentos dos Trabalhadores Sem Terra.

Para a FBP, não há transformação profunda sem a participação organizada daqueles que mais precisam de uma nação forte, independente, soberana e desenvolvida, que é o próprio povo, que precisa ser o sujeito histórico das próprias transformações sociais. de seu destino e de sua emancipação.

Eleições 2018

O Congresso do Povo também tem entre os seus objetivos interferir na disputa eleitoral e defender a democracia, combatendo tentativas de retrocessos políticos. Isto inclui a garantia do direito do ex-presidente Lula ser candidato em 2018. Apesar de liderar todas as pesquisas de intenção de voto e crescer na preferência do eleitorado, o líder petista vive o maior desafio de sua vida: voltar a disputar a campanha para o Palácio do Planalto diante da perseguição que sofre do Ministério Público Federal e do aparato jurídico e policial da Operação Lava-Jato, em especial do juiz Sérgio Moro, que o condenou em primeira instância a nove anos e seis meses de prisão por “corrupção passiva e lavagem de dinheiro”, mas sem provas contundentes, baseados em ilações de empreiteiros condenados pela Justiça e que, para tentar reduzir a pena, fizeram acordo de delação premiada.

Os militantes da FBP defendem ainda a união com todas as candidaturas de campo democrático e popular.

Outro desafio do movimento é o enfrentamento da versão dominante da mídia burguesa, fortalecendo a imprensa popular e alternativa e as iniciativas em blogs e redes socais, na luta pela democratização dos meios de comunicação de massa. Foi aprovado também um calendário de lutas 2017/2018.

Calendário de Lutas

2017

15/12 - Lançamento da Campanha pelo direito de Lula ser candidato
(Diretório Nacional do PT às 18h)

23/12 - Inauguração do Campo Dr. Sócrates Brasileiro (Escola Nacional Florestan Fernandes, Guararema-SP)

2018

22 à 26/1 - Encontro Nacional do MST (Sumaré-SP)

27/2 à 6/3 - Assembleia Internacional dos Povos (Caracas - Venezuela)
8/3 - Dia Internacional de luta da Mulher

13 à 17/3 - Fórum Social Mundial em Salvador

17 à 22/3 - Fórum Alternativo Mundial das Águas (UNB, Brasília)

4 à 8/4 - Congresso da CMP (Central dos Movimentos Populares)

26 à 28/4 - Conferência Nacional Popular de Educação